Chacina de Poção: julgamento de executor chega ao segundo dia; "Há nove anos esperamos por justiça"
Na chacina, quatro pessoas foram mortas, em 2015
Após prorrogação, o julgamento de Wellington Silvestre dos Santos, também conhecido como “Chave de cadeia”, tem continuidade nesta terça-feira (27). Ele é acusado de ser o principal executor da chacina de Poção, no Agreste de Pernambuco, que deixou quatro mortos, em 2015. O júri popular acontece no Fórum Thomaz de Aquino, no bairro de Santo Antônio, Centro do Recife.
Uma das vítimas foi o conselheiro tutelar Lindenberg Nóbrega de Vasconcelos, à época com 54 anos, pai de Linderberg Filho, presente no tribunal nesta terça. Ele espera que o desfecho seja justo e que honre o seu pai.
"A gente espera que o processo ocorra da melhor forma e que a tese dos promotores seja aceita para que o réu seja realmente condenado e pague pelo que ele fez. Há nove anos, esperamos por justiça e torcemos que tudo termine da forma correta, que é clamando por justiça", contou.
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Outra pessoa presente no fórum é Luciana Vasconcelos, irmã de Lindenberg Nóbrega de Vasconcelos. Ela revela um momento "difícil" para a família, mas que representa um capítulo final para essa história. "Já faz nove anos que estamos passando por essa situação e esperamos justiça. Que a justiça prevaleça, que ela seja feita e que a gente saia com uma sentença positiva", explicou.
A sessão, que é presidida pelo juiz Abner Apolinário, terá espaço para que a defesa do réu apresente seu pronunciamento. Depois haverá uma réplica, por parte do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e uma tréplica, novamente com a defesa. A expectativa é de que a sentença seja dada ainda na parte da manhã.
Além de Lindenberg Nóbrega de Vasconcelos, foram mortas também pelo réu os conselheiros José Daniel Farias Monteiro, de 31 anos; e Carmem Lúcia da Silva, de 38. Ana Rita Venâncio, de 62 anos, também foi executada. Ela era a avó materna de Ana Cláudia, uma menina de três anos que estava no carro e sobreviveu ao episódio. De acordo com a Justiça, a mandante dos assassinatos seria a avó paterna da criança, a oficial de Justiça Bernadete Siqueira Britto de Rocha.
As investigações apontam que o crime teria sido encomendado pela avó paterna da menina, Bernadete de Britto Siqueira. Ela teria contratado o grupo de extermínio para eliminar a família materna e assegurar a guarda da criança, cuja tutela oficial era do pai, José Cláudio de Britto Siqueira Filho.
De acordo com a polícia, o delito foi planejado por Bernadette em 2014. Ela também é acusada de ter matado a mãe da criança por envenenamento, em 2012. Outros parentes da mãe da criança seriam também alvos do plano de execução elaborado pela avó paterna, apontaram as investigações.
Ao todo, oito pessoas foram denunciadas como responsáveis pela chacina.
Corpo de jurados
O júri popular é formado por sete mulheres, e Wellington Silvestre senta à cadeira do réu sob a acusação de ter matado a tiros de arma de fogo quatro pessoas dentro do Sítio Cafundó. O delito aconteceu na noite do dia 6 de fevereiro de 2015 no Agreste de Pernambuco.
As investigações apontam que ele teria recebido a promessa de embolsar R$ 45 mil pelos assassinatos - ele teria ganhado, até agora, "primeira parcela" do valor, correspondente a R$ 25 mil.