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Guerra

Chanceler alemão visita Ucrânia após 2 anos e diz que Rússia não deve "impor a paz" sem negociar

Presença de Olaf Scholz à Ucrânia ocorre poucas semanas após líder ser criticado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, por ter ligado para Putin

Olaf Scholz e Volodymyr Zelensky passam pela guarda de honra na Catedral de Santa Sofia, em Kiev, na Ucrânia, em 2 de dezembro de 2024 Olaf Scholz e Volodymyr Zelensky passam pela guarda de honra na Catedral de Santa Sofia, em Kiev, na Ucrânia, em 2 de dezembro de 2024  - Foto: Anatolii Stepanov/AFP

Em visita à Ucrânia pela primeira vez em dois anos e meio, o chanceler alemão, Olaf Scholz, afirmou nesta segunda-feira que os ataques russos contra a infraestrutura energética do território ucraniano demonstram que o presidente russo, Vladimir Putin, "quer que as pessoas congelem" durante o inverno e que a economia do país seja prejudicada, algo que garantiu que não permitirá. O chanceler aproveitou para afirmar que a Rússia não deve ser autorizada a "impor uma paz ditada à Ucrânia" em nenhuma negociação.

— A Rússia continua a atacar a infraestrutura energética da Ucrânia de maneira direcionada e implacável. Putin quer que as pessoas congelem, [mas] não vamos permitir que seu cálculo cínico dê certo — disse o chanceler. — Nos esforços para alcançar uma paz justa, equitativa e duradoura, nenhuma decisão deve ser tomada sem o envolvimento de Kiev, seguindo o princípio de ‘nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia’.

A visita de Scholz à Ucrânia ocorre poucas semanas após o chanceler alemão ser criticado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, por ter feito uma ligação telefônica com Putin. O contato de Scholz com o líder russo ocorreu num momento de especulação generalizada sobre o que a nova administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deverá significar para Kiev, já que o republicano, conhecido por sua relação amigável com Putin, prometeu encerrar o conflito sem dar detalhes de como pretende fazer isso.

O encontro de Scholz e Zelensky também ocorre antes de uma eleição antecipada na Alemanha, prevista para fevereiro, publicou o Washington Post. À medida que a campanha começa, Scholz tem destacado o status da Alemanha como o segundo maior fornecedor de armas da Ucrânia, ao mesmo tempo em que enfatiza sua "prudência" ao trabalhar para evitar a escalada da guerra e recusar a entrega de mísseis de cruzeiro de longo alcance Taurus — algo que Zelensky disse nesta segunda-feira estar em discussão.

— Trabalhamos constantemente para encontrar um maior consenso sobre a questão dos Taurus — disse o mandatário ucraniano durante entrevista coletiva com o líder alemão, argumentando que as armas ajudariam a Ucrânia a "atingir mais alvos militares na Rússia".

Na sexta-feira, Zelensky sinalizou que uma oferta de adesão à Otan poderia encerrar a "fase quente da guerra" na Ucrânia. Scholz, contudo, tem sido cauteloso em relação à ideia de acelerar a adesão ucraniana à aliança militar ocidental. Scholz disse que, durante a reunião com Zelensky, anunciará novas entregas militares a serem feitas ainda este mês, afirmando que a Alemanha “continuará a ser o maior apoiador da Ucrânia na Europa”.

O chanceler alemão mencionou um apoio militar no valor de 650 milhões de euros (R$ 4 bilhões) a ser entregue até o final do ano, mas autoridades em Berlim admitiram posteriormente que essa ajuda já havia sido anunciada anteriormente. Scholz ressaltou que, no total, a Alemanha gastou 28 bilhões de euros (R$ 178 bilhões) em apoio militar à Ucrânia desde a invasão russa em 2022, incluindo sistemas de defesa aérea, tanques, obuses, helicópteros, drones, munições e peças de reposição.

— Não vamos recuar nos próximos anos em mobilizar o apoio necessário — disse Scholz.

Apesar disso, o chanceler alemão foi criticado pelo presidente ucraniano por falar com Putin no telefone, no que teria sido a primeira conversa do russo com o líder de uma grande potência ocidental em quase dois anos. Na ligação, Scholz teria pedido a Putin para estar aberto às negociações com a Ucrânia, embora o russo tenha destacado que qualquer acordo de paz deveria reconhecer as conquistas territoriais da Rússia e suas demandas de segurança, incluindo que Kiev renunciasse à adesão à Otan.

Na avaliação de Zelensky, a ligação com Putin corria o risco de abrir "uma caixa de Pandora" e só serviria para tornar a Rússia menos isolada.

Em outubro, o ucraniano viajou para Berlim para se reunir com Scholz e debater sobre seu “plano de vitória” para encerrar a guerra na Ucrânia. O projeto inclui a sugestão de que a Ucrânia recebesse um convite formal para aderir à Otan e um pedido para que Kiev fosse autorizado a usar mísseis de longo alcance ocidentais para atacar alvos militares dentro da Rússia. (Com AFP)

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