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MUNDO

Chanceler russo diz que EUA e Rússia estão perto de "conflito militar direto" e minimiza eleição

Em entrevista a jornal turco, Serguei Lavrov afirmou que resultado do pleito em Washington não deve mudar 'sentimento antirusso' dos EUA

O chancele russo, Sergei Lavrov, durante sessão do Conselho de Segurança da ONU O chancele russo, Sergei Lavrov, durante sessão do Conselho de Segurança da ONU  - Foto: Timothy A. Clary/AFP

Rússia e Estados Unidos estão muito perto de entrar em um "conflito militar direto". A afirmação foi feita pelo ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, em entrevista publicada nesta sexta-feira pelo jornal turco Hurryet. A poucos dias das eleições americanas, o chanceler russo, integrante da alta-cúpula do governo Vladimir Putin, disse ainda que o processo eleitoral nos EUA, independente da vitória de Donald Trump ou Kamala Harris, não deve ter nenhum desfecho que melhore a situação entre os países.

— Sob o atual presidente [Joe Biden], que levou ao limite a espiral de russofobia nos Estados Unidos, nossos países estão à beira de um conflito militar direto — afirmou Lavrov, citado pela publicação turca, sem acrescentar explicações adicionais.

Ao ser perguntado sobre as eleições americanas entre Trump e Kamala, Lavrov disse que o resultado do pleito não terá grande diferença para a Rússia.

 

— Não temos nenhuma preferência. Quando a administração Trump estava no poder, adotou o maior número de sanções antirrussas em comparação aos seus antecessores — disse o chanceler. — Não importa quem ganhe as eleições, não acreditamos que a inclinação antirrussa dos EUA possa mudar.

Trump e Putin mantiveram uma relação ambígua desde o mandato do americano. O republicano já afirmou ter apreço pelo líder russo no passado, mas não há indício de que eles mantenham contato pessoal. De todo modo, uma série de incidentes, incluindo de suposta interferência russa nas eleições americanas, motivam frequentes questionamentos da opinião pública.

Em setembro, a Microsoft afirmou que agentes russos teriam intensificado operações de desinformação para atrapalhar a campanha de Kamala, com vídeos de caráter conspiratório. Ainda em setembro, Putin afirmou que torcia pela vitória da candidata democrata, durante um fórum econômico em Vladivostok, em tom sarcástico — o que gerou um pedido da Casa Branca para que o presidente russo não interferisse nas eleições.

Ao longo da campanha, Trump afirmou que seria capaz de resolver a guerra na Ucrânia, embora não tenha detalhado seu plano para o pós-guerra. Múltiplas fontes temem que o ex-presidente, um crítico dos gastos do governo com a Otan durante seu primeiro mandato, pressione por uma diminuição dos gastos militares em apoio à Kiev, forçando o país a ceder parte de seu território a Moscou.

Na semana passada, Putin disse que a relação com Washington dependerá da atitude adotada após as eleições, mas disse ter recebido como "sinceras" as declarações de Trump sobre seu desejo de pôr fim ao conflito da Ucrânia.

Pressões no Oriente
A declaração de Lavrov foi apenas uma das frentes de pressões que chegam a Washington vindas do Oriente a quatro dias da eleição presidencial. Um dia após realizar um teste de míssil balístico intercontinental, a Coreia do Norte anunciou nesta sexta-feira que vai ampliar suas capacidades nucleares e prometeu apoio de Pyongyang a Moscou "até a vitória" — em um momento em que os EUA acusam o país de enviar tropas para o território russo.

A aproximação entre a Ucrânia e a Otan e as alianças construída pela Rússia, sobretudo com a Coreia do Norte, aumentaram os temores de que o conflito no Leste Europeu possa se espalhar após quase três anos de guerra. A aliança Ocidental ainda discute a autorização ilimitada do uso de seus armamentos por Kiev contra o território russo, o que Moscou disse que seria entendido como o mesmo que uma declaração de guerra direta.

Em contrapartida, os russos anunciaram a aprovação na Câmara do país do Tratado de Associação Estratégica Integral entre Rússia e Coreia do Norte, que prevê a assistência militar imediata em caso de agressão armada a qualquer dos dois países por parte de terceiros. O texto diz que, "se uma das partes sofrer um ataque armado da parte de um Estado ou grupo de Estados e se encontrar em um estado de guerra, a outra parte prestará imediatamente assistência militar ou de outro tipo, de acordo com os meios à sua disposição". (Com AFP)

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