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Reino Unido

Charles se torna rei do Reino Unido e adota o nome Charles III

Em comunicado emitido pelo palácio, Charles, o novo rei, evoca "um momento de grande tristeza"

Charles e a mãe, rainha Elizabeth II em foto de junho deste anoCharles e a mãe, rainha Elizabeth II em foto de junho deste ano - Foto: Daniel Leal/AFP

Após a morte da rainha Elizabeth II nesta quinta-feira (8), que foi a integrante da família real que mais passou tempo no trono, o príncipe Charles se tornou rei, aos 73 anos.

Com o falecimento da rainha, Charles se tornou automaticamente o novo comandante do Palácio de Buckingham. A partir deste momento, ele adota o nome de Charles III, se tornando o rei mais velho da história do Reino Unido, com 73 anos de idade.

Em comunicado emitido pelo palácio, Charles, o novo rei, evoca "um momento de grande tristeza" e presta homenagem a "uma soberana querida e uma mãe amada".

"A morte da minha querida mãe, Sua Majestade a Rainha, é um momento de grande tristeza para mim e para todos os membros da minha família. Choramos profundamente a perda de uma soberana e uma mãe muito querida. Sei que sua perda será sentida profundamente em todo o país, os reinos e a Commonwealth [Comunidade Britânica], assim como por inúmeras pessoas em todo o mundo", disse o rei em um comunicado.

Príncipe Charles: sua aposentadoria por um reino

O então príncipe Charles de Gales dedicou sua vida a se preparar, não sem polêmicas, para reinar, e o fará em uma idade em que seus compatriotas aposentados descansam ao sol da Andaluzia.

Aos 73 anos (nasceu em 14 de novembro de 1948), o até agora príncipe de Gales chegou ao trono como o monarca britânico mais velho - o segundo foi William IV, que tinha 64 anos quando se tornou rei, em 1831.

Já detentor de uma pensão de aposentadoria de pouco mais de 100 libras esterlinas - que doava a uma organização beneficente para pessoas idosas - e do passe de transporte público gratuito, Charles chega ao trono com uma reputação de ser mais intrometido politicamente que sua mãe, afeito a causas que vão da agricultura orgânica à arquitetura neoclássica, passando pela pobreza juvenil.

Terminando uma espera recorde na história da monarquia britânica, "ele poderia surpreender e usar outro de seus nomes, como fez seu bisavô em 1901", disse à AFP Bob Morris, autor de vários livros sobre o futuro da monarquia no Reino Unido. 

A sua coroação, uma cerimônia única na Europa, deverá acontecer, na melhor das hipóteses, dentro de algumas semanas, depois de passado o trauma da morte de Elizabeth II. 

Ela mesma foi coroada na Abadia de Westminster em 2 de junho de 1953 diante de mais de 8.200 convidados, 16 meses depois de ser proclamada rainha.

O príncipe ativista 

Em dezembro de 2016, Charles denunciou a ascensão do populismo e a hostilidade aos refugiados, justo no ano em que seu país deixou a União Europeia e Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos.

"Estamos vendo a ascensão de muitos grupos populistas em todo o mundo crescentemente agressivos em relação aos que professam uma fé minoritária".

"Tudo isso tem ecos profundamente inquietantes dos dias obscuros dos anos 1930", sentenciou.

Seu "ativismo" deu lugar a manchetes como: "Tensão no palácio, Charles se nega a ser um rei mudo" (Sunday Times), ou "a rainha teme que o país não esteja preparado para aceitar Charles e seu ativismo" (The Times).

As duas manchetes respondiam a uma biografia polêmica, "Charles: o coração de um rei" (Charles: Heart of a King), cuja autora, Catherine Mayer, apresentou um homem "sem entusiasmo" para substituir sua mãe, por medo de ter que abandonar seus interesses, e cercado de muita gente disposta a servi-lo.

Camilla, a rainha consorte

Uma campanha de relações públicas vigorosa o ajudou a virar a página de sua impopularidade no momento da morte trágica de sua ex-esposa Diana em 1997, de quem havia se divorciado, e a gerir seu novo casamento com Camilla, sua amante de toda a vida, em 2005.

Apesar de carregar o rótulo de ser a mulher por trás do divórcio, Camilla, extrovertida e risonha, terminou ganhando a simpatia da maioria dos britânicos.

Camila tornou-se automaticamente rainha consorte nesta quinta-feira (8), por desejo expresso de Elizabeth II, que disse isso durante um discurso em fevereiro de 2022 por ocasião de seus 70 anos de reinado. É o título que sua mãe e sua avó tiveram. 

No entanto, devido à trágica morte de Diana, primeira esposa de Charles, o tratamento dado a Camilla foi sensível para muitos britânicos a ponto de, após se casar com ele em 2005, ela mesma decidir não assumir o título de princesa de Gales.

Agora, o novo rei assume as rédeas de uma instituição com um papel reduzido no mundo, numa época e idade que representam um duplo desafio para este príncipe de personalidade singular. 

Desde seus primeiros compromissos oficiais na década de 1970, o papel do príncipe de Gales tem sido até agora de "apoio", recebendo dignitários, participando de jantares de Estado e viajando para uma centena de países, especialmente depois que Elizabeth II ficou com a saúde mais frágil. 

No entanto, este aristocrata idoso tem pouca popularidade. Seria por sua idade, sua falta de jeito ou suas paixões que às vezes se confunde com interferência política? 

Charles teve apenas 54% de opiniões favoráveis em agosto de 2021, de acordo com uma pesquisa do YouGov, muito atrás da rainha (80%), seu filho príncipe William (78%), sua nora Catherine (75%) e sua irmã, a Princesa Anne (65%).

Desde a morte de seu pai, Philip, em abril de 2021, e enquanto a rainha estava menos presente por motivos de saúde, Charles estreitou o círculo real para sua comitiva mais próxima: Camila, William e seu irmão mais novo Edward. 

Ninguém sabe como Charles Philip Arthur George vai encarnar a monarquia britânica, mas uma coisa já é certa: seus anos no trono estão contados.

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