Chavismo associa à oposição ex-vice de Maduro acusado de corrupção e pede condenado de 30 anos
Cúpula do governo venezuelano afirma que Tareck El Aissami, integrante do núcleo chavista por anos, tinha vínculos com opositores e faria parte de um complô para depor o presidente
Preso por envolvimento com um esquema de corrupção bilionário na petroleira venezuelana PDVSA, o ex-ministro Tareck El Aissami, uma das figuras mais poderosas dentro do Gabinete de Nicolás Maduro, entrou na mira do chavismo, que agora o aponta como um traidor. Acusado de conspirar com os EUA e com a oposição pela promotoria do país, El Aissami agora é alvo de pedidos de punição severa por ex-aliados.
"Tomara que ele pegue 30 anos de prisão. Peço que os tribunais considerem isso para o traidor Tarek El Aissami e Samark López, porque quando manipulavam a economia era para prejudicar o processo de recuperação iniciado pelo presidente Nicolás Maduro" disse o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, em uma sessão legislativa na terça-feira (30).
Rodríguez ainda anunciou a criação de uma comissão especial na Assembleia Nacional para contribuir com a investigação liderada pela Procuradoria-Geral. O líder do Poder Legislativo afirmou que a missão do órgão vai focar "no estabelecimento da responsabilidade política" para que a Procuradoria-Geral desenvolva "a responsabilidade penal para aqueles que incorrerem em tão graves crimes".
El Aissami foi vice-presidente da Venezuela entre 2017 e 2018, além de ser a principal autoridade econômica da Venezuela entre 2017 e 2023 e ministro do Petróleo entre 2020 e 2023, entre muitos outros cargos que ocupou ao lado de Maduro. Acusado pelo MP de ser “chefe de uma máfia corrupta” que provocou ao prejuízo de US$ 17 bilhões (R$ 86,9 bilhões) da petroleira estatal PDVSA, ele virou alvo dos ex-aliados, que tentam relacioná-lo à oposição.
O presidente Nicolás Maduro, na segunda-feira, disse que El Aissami teria tomado parte em um esquema para tirá-lo do poder. Segundo Rodríguez, o antigo vice de Maduro mantinha relação com James Story, embaixador dos EUA na Venezuela, mas com sede na Colômbia, e fazia parte de um complô.
"Tínhamos os corruptos e traidores ao lado, os tinha, os tinham, e nem passava pela minha mente que poderiam me trair ou que pudessem estar roubando" disse Maduro, garantindo que o procurador-geral Tarek William Saab tem gravações com provas de corrupção e dos eventuais vínculos de El Aissami com dirigentes opositores, como Leopoldo López e Julio Borges. "A direita estava articulada [para] nos destruir por dentro".
A investigação do esquema que envolveria El Aissami na PDVSA começou há um ano. Quando ele renunciou ao cargo e desapareceu da vida pública até ser preso. A procuradoria acumula mais de 30 investigações de corrupção na estatal, e outros três ex-ministros do Petróleo foram acusados: Nelson Martínez, que morreu na prisão; Eulogio Del Pino, que continua detido; e Rafael Ramírez, que fugiu para a Itália. O esquem levou ao prejuízo de US$ 17 bilhões (R$ 86,9 bilhões) da petroleira. Outras 65 pessoas foram detidas no mesmo caso.