Chefe da diplomacia da UE reitera que Israel facilitou o desenvolvimento do Hamas
Hamas foi criado em dezembro de 1987, logo após o levante palestino da primeira intifada, por um grupo de milicianos islamistas
O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, voltou a afirmar nesta segunda-feira (26) que o governo de Israel facilitou o desenvolvimento do movimento islamista palestino Hamas, com o qual trava atualmente uma guerra na Faixa de Gaza.
Em um fórum em Madri, onde voltou a defender a solução de dois Estados para o conflito, Borrell explicou as suas declarações de algumas semanas atrás, quando acusou Israel de "ter criado" e "financiado" o Hamas.
"Não estou dizendo que financiou enviando um cheque, mas que facilitou o desenvolvimento do Hamas", explicou Borrell, durante seu discurso no Fórum da escola de negócios Next Education, aludindo a alguns exemplos, como a relutância israelense para libertar os líderes do Fatah.
"Que Israel tenha desempenhado o papel de dividir os palestinos, criando uma força que se opõe ao Fatah, é uma realidade inquestionável", acrescentou.
"Limitei-me a repetir uma frase bem conhecida do senhor Netanyahu, dita em público diante do seu grupo parlamentar, na qual diz que todos aqueles que se opõem à solução de dois Estados devem contribuir e facilitar o financiamento do Hamas", Borrell acrescentou.
O Hamas foi criado em dezembro de 1987, logo após o levante palestino da primeira intifada, por um grupo de milicianos islamistas.
Sigla em árabe para "Movimento de Resistência Islâmica", foi fundado para combater a Jihad Islâmica e rivalizar com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), um movimento principalmente secular, então liderado por Yasser Arafat.
Durante o seu discurso, Borrell reiterou a sua defesa da criação de dois Estados para tentar encontrar uma solução para o conflito entre Israel e Hamas, que foi novamente aceso com o ataque mortal do Hamas em 7 de outubro.
"Todos parecem concordar com isso, exceto o governo de Netanyahu, que há 30 anos impede que esta solução seja possível", acrescentou sobre o atual governo de Israel, a quem reivindicou o seu "direito" de criticar.
"Considero a resposta militar israelense em Gaza desproporcional. Causa um número excessivo de vítimas civis e isso não tem nada a ver com ser antissemita, o que obviamente não sou", acrescentou.