Chefe da ONU pede acordo 'ambicioso' sobre o clima na COP27
"Todas as partes devem agir na questão fundamental das finanças", apelou Guterres
O secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu nesta quinta-feira (17) um acordo "ambicioso" sobre perdas e danos causados pela mudança climática e pediu apoio financeiro para que os países pobres possam enfrentar o aquecimento global.
"Há claramente uma falta de confiança entre o Norte e o Sul", disse Guterres em entrevista coletiva na conferência climática da ONU (COP27) em Sharm el-Sheikh (Egito).
"A maneira mais eficaz de reconstruir essa confiança é por meio de um acordo ambicioso e confiável sobre perdas e danos e apoio financeiro aos países em desenvolvimento", acrescentou. "Este não é o momento para recriminações. Culpar uns aos outros é a garantia de destruição mútua", alertou.
Leia também
• Finanças bloqueiam COP27 a um dia do encerramento
• Países do Sul aumentam a pressão na COP27 por fundo para perdas e danos climáticos
• Na COP27, Lula promete à sociedade civil "reconstruir" o Brasil
"O tempo de se discutir perdas, danos e finanças acabou. Precisamos de ações", insistiu Guterres, que acaba de participar da cúpula do G20 das potências industrializadas e emergentes em Bali, na Indonésia.
O secretário-geral da ONU pediu aos países que mantenham o compromisso de limitar o aumento da temperatura média do planeta a 1,5ºC em relação à era pré-industrial.
Essa meta, acordada em Paris na COP de 2015, parece estar retrocedendo rapidamente devido ao consumo revigorado de combustíveis fósseis.
"Não se trata apenas de manter a meta de 1,5ºC: trata-se de manter as pessoas vivas", enfatizou Guterres.
Outra das questões polêmicas em Sharm el-Sheikh é a promessa não cumprida dos países mais industrializados de contribuir com 100 bilhões de dólares por ano para os países em desenvolvimento, para financiar cortes nas emissões de gases de efeito estufa e adaptação à mudança climática.
"Todas as partes devem agir na questão fundamental das finanças", apelou Guterres. "O relógio do clima não para e a confiança está se consumindo", destacou.