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ONU

Chefe da ONU visita fronteira de Gaza e pede fim do "pesadelo"

As forças israelenses prosseguiram com sua operação contra o hospital Al-Shifa

Secretário-geral da ONU, António GuterresSecretário-geral da ONU, António Guterres - Foto: Richard Pierrin/AFP

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu neste sábado (23), na fronteira da Faixa de Gaza com o Egito, uma trégua no território palestino, que disse enfrentar "um pesadelo sem fim", após quase seis meses de guerra entre Israel e o Hamas.

As forças israelenses prosseguiram com sua operação contra o hospital Al-Shifa, no norte do território, onde o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, acusou o Exército de ter matado 19 palestinos que aguardavam ajuda humanitária.

O Exército de Israel negou a acusação: "Descobertas preliminares determinaram que não houve nenhum ataque aéreo" contra o comboio e que tampouco foram constatados "incidentes em que as forças de Israel atiraram contra as pessoas".

"Agora, mais do que nunca, é hora de um cessar-fogo imediato, hora de silenciar as armas", declarou Guterres em frente à passagem de Rafah, na fronteira fechada entre Gaza e o Egito. "Os palestinos de Gaza, mulheres, crianças e homens, estão presos em um pesadelo sem fim. Gerações inteiras foram aniquiladas", alertou, acrescentando que "a fome e a inanição" afetam a população.

Cerca de 1,5 milhão de pessoas se aglomeram em Rafah, a maioria deslocadas de outras áreas da Faixa desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em 7 de outubro.

A passagem terrestre entre o Egito e Rafah é a única da Faixa de Gaza que não faz fronteira com Israel, e é o principal ponto de entrada de ajuda humanitária. No entanto, a ajuda para uma população de 2,4 milhões de pessoas entra a conta-gotas desde o começo do conflito, devido ao assédio quase total de Israel.

Operação em hospital
"Nada justifica os ataques horríveis do Hamas em 7 de outubro. E nada justifica o castigo coletivo sofrido pelo povo palestino", insistiu Guterres, que afirmou ecoar "grande parte do mundo".

Em Gaza, no norte do território palestino, o Exército de Israel afirmou que prosseguirá com sua operação contra o hospital Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza, até capturar "o último terrorista".

Os combates não dão trégua, especialmente em torno do complexo hospitalar, onde forças israelenses afirmaram hoje que mataram mais de 170 combatentes e que prenderam centenas de suspeitos.

Em funeral realizado na véspera em Khan Yunis, pessoas relataram a dor das perdas contínuas. "Todos os dias choramos por um ente querido", disse Turkiya Barbaj. "No começo da guerra, perdi meu sobrinho. Agora, minha irmã, seu marido e seus filhos. Quase toda a família morreu. Quanto tempo mais teremos que aguentar isso?"

Parte da Faixa de Gaza foi reduzida a escombros e o Programa Mundial de Alimentos afirmou que os moradores do território morrem de fome.

A preocupação da comunidade internacional também cresce com a determinação israelense de invadir Rafah, onde o país afirma que estão localizados os últimos batalhões do Hamas.

"Espero fazer isso com o apoio dos Estados Unidos, mas se necessário, faremos isso sozinhos", disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nesta sexta-feira, durante uma visita a Israel do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.

A última tentativa do Conselho de Segurança da ONU de chegar a uma trégua fracassou ontem, quando China e Rússia vetaram uma proposta dos EUA.

Fontes diplomáticas indicaram que um novo texto será votado segunda-feira na máxima instância da ONU.

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