Logo Folha de Pernambuco

Internacional

Chefe do Estado Islâmico no Afeganistão se coloca na mira dos EUA

Os EUA oferecem US$ 10 milhões por informações sobre o paradeiro do líder da EI-K

 Sanaullah Ghafari liderou ressurgimento do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) no Afeganistão Sanaullah Ghafari liderou ressurgimento do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) no Afeganistão - Foto: Pixabay

O misterioso Sanaullah Ghafari liderou um espetacular ressurgimento do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) no Afeganistão, com múltiplos ataques contra o regime talibã.

Na segunda-feira (7), os Estados Unidos ofereceram até US$ 10 milhões por informações que levem à "identificação, ou à localização", do líder do Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), também conhecido pelo nome de Shahab al Muhajir.

"Ghafari é responsável por aprovar todas as operações do EI-K em todo Afeganistão e por organizar os fundos para realizar as operações", afirmou o Departamento de Estado americano, que o colocou na lista negativa de terroristas estrangeiros dos EUA em novembro passado.

Pouco se sabe sobre Ghafari, incluindo sua origem: alguns o consideram afegão, outros iraquianos. Chefe do EI-K desde meados de 2020, ele é apresentado como comandante militar do EI em Cabul, que "participou do planejamento e da organização de operações de guerrilha e de ataques suicidas", de acordo com a ONG Counter-Extremism Project(CEP).

Inicialmente ligado à rede ultraconservadora Haqqani, uma facção próxima à Al-Qaeda e hoje integrada ao talibã, Ghafari permitiu, graças à sua "competência" e a "seu acesso às redes", que o EI sobrevivesse aos violentos ataques dos talibãs e dos americanos em 2020.

Desde então, o EI-K exibe uma eficácia devastadora. A consultoria Jihad Analytics (JA), especialista em análise de jihad e cibernética, destaca que o grupo reivindicou 340 ataques em 2021. Trata-se de um nível recorde desde 2018, quando foi classificado como uma das quatro organizações terroristas mais sangrentas do mundo. 

À Ghafari atribui-se o ataque ao aeroporto de Cabul, em 26 de agosto de 2021, que deixou 185 mortos, entre eles 13 soldados americanos, além de operações sofisticadas, como o cerco à prisão de Jalalabad por 20 horas, em 2020. 

Tudo isso, desenvolvendo uma estratégia alinhada às ambições mundiais do EI central e, ao mesmo tempo, concentrada nas realidades locais afegãs, o celeiro de pequenos grupos jihadistas. 

Segundo o CEP, as ambições deste homem de apenas 27 anos, não se limitam, porém, ao Afeganistão. O grupo de especialistas em terrorismo das Nações Unidas afirma que o EI-K está desenvolvendo um "programa regional mais amplo, ameaçando os países vizinhos da Ásia Central e do Sul da Ásia". 

Além disso, ainda conforme o CEP, Ghafari é, hoje, responsável pelo escritório do EI Al-Sadiq. Este braço administra uma área que abrange Afeganistão, Bangladesh, Índia, Maldivas, Paquistão, Sri Lanka e países da Ásia Central. 

Ghafari também é altamente considerado pelo EI central, com quem mantém laços estreitos. O líder do EI-K pode, assim, mobilizar mais combatentes estrangeiros, como fez na Síria e no Iraque nos tempos de seu autoproclamado califado (2014-2019).

Em um contexto de crise econômica e de fronteiras porosas, ataques suicidas do EI-K "podem transformar o Afeganistão em um novo ponto de acesso para apoiadores do EI no Oriente Médio e na Ásia Central e do Sul", alerta Uran Botobekov, um especialista quirguiz no movimento jihadista.

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter