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Povo sírio

Chefe dos Capacetes Brancos sírios "sonha" em parar de retirar corpos de escombros

Moscou acusa os Capacetes Brancos de desinformar e de "caluniar" o governo sírio

Raed Saleh viajou para Nova York esta semana para mais uma vez defender a causa do povo sírio no Conselho de Segurança da ONU.Raed Saleh viajou para Nova York esta semana para mais uma vez defender a causa do povo sírio no Conselho de Segurança da ONU. - Foto: Bakr Alkasem / AFP

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"Eu sonho com o fim do nosso trabalho de retirar cadáveres dos escombros", diz o chefe dos Capacetes Brancos sírios, quase 14 anos depois do início da guerra civil, que acaba de entrar em uma nova espiral de violência.

Raed Saleh viajou para Nova York esta semana para mais uma vez defender a causa do povo sírio no Conselho de Segurança da ONU, como fez há uma década. Embora peça uma "solução política" para a Síria, ele tem poucas esperanças de que isso aconteça.

"O Conselho de Segurança falhou nesses 14 anos em alcançar a paz na Síria, e acho que vai falhar de novo", disse à AFP.

Na terça-feira, lamentou no Conselho que a comunidade internacional tenha "abandonado totalmente" os sírios, mas seu principal alvo é a Rússia, que desde 2015 ajuda militarmente seu aliado, o presidente Bashar al Assad.

"Atualmente, a Rússia não tem nenhum interesse pela paz na Síria. Está focada em seus próprios interesses alinhados com os do regime sírio", lamenta, e teme que os russos usem seu veto para "proteger o regime", como fizeram desde o início da guerra civil em 2011.

Moscou acusa os Capacetes Brancos de desinformar e de "caluniar" o governo sírio, razão pela qual tentaram impedir, em vão, que Saleh falasse no Conselho de Segurança, convocado com urgência devido à nova escalada do conflito.

"Castigo coletivo"
Uma coalizão de rebeldes, liderada pelo grupo islamista radical Hayat Tahrir al Sham (HTS), antiga ramificação síria da Al Qaeda, lançou em 27 de novembro uma ofensiva na região, colocando fim à relativa calma que reinava desde 2020.

Em poucos dias, os rebeldes tomaram grandes áreas do norte da Síria e grande parte de Aleppo, a segunda maior cidade do país, que pela primeira vez desde o início da guerra ficou fora do controle de Damasco.

Um duro revés para o regime de Al Assad, que lançou uma contraofensiva para recuperar o terreno perdido.

Em uma semana, os combates e bombardeios deixaram 704 mortos, 110 deles civis, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, uma ONG presente por todo o país.

Com seus 3.200 socorristas voluntários no noroeste, os Capacetes Brancos se deslocaram para Aleppo e outras áreas afetadas "para responder à emergência humanitária", explica Saleh.

Além de socorrer os feridos, "recuperamos mais de 150 corpos", detalha. Para "enterrá-los com respeito e documentar os detalhes para facilitar sua identificação posteriormente".

Saleh teme que a situação se agrave devido às "represálias do regime contra os civis". "O regime aplica o plano estratégico que segue há 14 anos, uma política de castigo coletivo contra os civis de Aleppo e Idlib", afirma.

"Tememos que o regime utilize armas químicas, como em 2018, 2017 e 2013. Sempre que há risco de desmoronamento, utilizam armas químicas para retomar a iniciativa", acusa.

A Organização para a Proibição de Armas Químicas, que esta semana expressou sua preocupação com o possível arsenal de armas químicas na Síria, já acusou as autoridades sírias de usar essas armas durante a guerra civil, o que Damasco nega.

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