Imigração

Chile garante que não deseja agravar problemas com Bolívia e Venezuela por migração

Segundo Boric, nem Bolívia nem Venezuela estão recebendo os migrantes que o Chile quer devolver

O presidente do Chile, Gabriel Boric, discursando enquanto visitava o Memorial Fosa de Pisagua, onde restos humanos de detentos desaparecidos foram encontrados em 1990, em Pisagua, Chile, em 16 de março de 2023O presidente do Chile, Gabriel Boric, discursando enquanto visitava o Memorial Fosa de Pisagua, onde restos humanos de detentos desaparecidos foram encontrados em 1990, em Pisagua, Chile, em 16 de março de 2023 - Foto: Presidência do Chile / AFP

O Chile não quer agravar os problemas com Bolívia e Venezuela decorrentes da migração irregular, mas buscar uma solução para este fenômeno "difícil", afirmou o presidente Gabriel Boric nesta quinta-feira (16).

"A relação [com a Venezuela] evidentemente não é fácil há tempos, mas temos a melhor vontade para trabalhar com todas as ferramentas do direito internacional para abordar o fenômeno que tem sido muito difícil da migração, onde a Venezuela também tem papel importante", disse o presidente.

Boric realizou essas declarações na localidade pesqueira de Pisagua, parte do itinerário da visita que realiza desde ontem à região de Tarapacá, no norte do Chile, por onde entram muitos migrantes, especialmente venezuelanos.

Há três semanas, o Chile enviou militares para sua fronteira norte em uma tentativa de controlar o fluxo de migrantes, cuja maior parte chega da Bolívia.

Segundo Boric, nem Bolívia nem Venezuela estão recebendo os migrantes que o Chile quer devolver.

Contudo, "não se trata de agravar os problemas, mas de buscar soluções, e esse é o espírito do governo chileno, há esforços de diálogos", destacou.

Boric anunciou ontem uma reunião com governantes "amigos" da América Latina para discutir a migração irregular. O encontro acontecerá na República Dominicana, em paralelo à Cúpula Ibero-Americana, no dia 25 de março.

O líder chileno esteve ontem em Colchane, localidade com população de 1.680 habitantes, situada a dois quilômetros da fronteira com a Bolívia. Em 2022, entraram no Chile por essa passagem 21.553 pessoas em situação irregular, vindas da Bolívia, segundo dados oficiais.

Em reação às palavras de Boric, o chanceler venezuelano, Yván Gil, garantiu no Twitter que a "Venezuela ainda não recebeu um pedido de trabalho coordenado com o governo do Chile a respeito de supostas deportações de venezuelanos".

"A coordenação nessa matéria é um clamor nosso, assim como a exigência de respeito aos direitos humanos de nossos compatriotas", acrescentou Gil.

Por sua vez, o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia, por meio de seu vice-ministro Freddy Mamani, afirmou que "o procedimento de recondução ao qual o presidente Boric se refere é uma normativa chilena que não gera nenhum tipo de obrigação internacional".

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