Boicote

China afirma que países pagarão preço por boicote diplomático aos Jogos Olímpicos

Embora a medida signifique apenas que representantes dos governos não serão enviados ao evento, sem impedir a viagem dos atletas, Pequim ameaçou adotar represálias

Xi Jinping, presidente da ChinaXi Jinping, presidente da China - Foto: Aris Messinis/AFP

O governo chinês criticou nesta quinta-feira (9) o boicote diplomático dos Estados Unidos, Austrália, Reino Unido e Canadá aos Jogos Olímpicos de Inverno que serão disputados em Pequim em fevereiro e prometeu que estes países "pagarão" o preço por sua decisão.

Washington anunciou um boicote no início da semana e denunciou as violações dos direitos humanos na China. Também afirmou que o tratamento reservado à minoria muçulmana dos uigures constitui um "genocídio". 

Depois dos Estados Unidos, Austrália, Reino Unido e Canadá aderiram ao boicote diplomático ao evento esportivo. 

Embora a medida signifique apenas que representantes dos governos não serão enviados ao evento, sem impedir a viagem dos atletas, Pequim ameaçou adotar represálias. 

"A utilização por parte dos Estados Unidos, Austrália, Reino Unido e Canadá da plataforma olímpica para uma manipulação política é impopular e isolacionista. Inevitavelmente (estes países) pagarão o preço de suas ações equivocadas", afirmou o porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Wang Wenbin.

O porta-voz da diplomacia afirmou que a China não havia convidado os países em questão. "Venham ou não os seus representantes oficiais, os Jogos de Inverno de Pequim serão um sucesso", afirmou.

"O esporte não tem nada a ver com a política. Os Jogos Olímpicos são uma grande reunião de atletas e fãs do esporte, não um cenário para que os políticos façam um espetáculo", disse. 

Os Jogos de Inverno acontecerão de 4 a 20 de fevereiro, mas em consequência das restrições para a entrada de estrangeiros na China pela Covid-19 poucos políticos devem viajar a Pequim.

O presidente russo Vladimir Putin será um dos poucos a viajar a Pequim, depois de aceitar o convite do colega chinês Xi Jinping. 

Ao mesmo tempo, a França anunciou que enviará representantes políticos aos Jogos de Inverno.

"Temos que condenar as violações dos direitos humanos na China, porque existem, mas quando trata-se de competições esportivas precisamos ter a atitude adequada", afirmou o ministro da Educação e Esporte, Jean-Michel Blanquer.

O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, afirmou na quarta-feira que pretende manter uma posição neutra, mas destacou que o importante é "a participação dos atletas". 

Várias organizações de defesa dos direitos humanos apoiaram o boicote. A diretora da Human Rights Watch na China, Sophie Richardson, considerou a medida "um passo crucial para desafiar os crimes contra a humanidade do governo chinês contra os uigures e outras comunidades de língua turca".

Os ativistas afirmam que pelo menos um milhão de uigures e outras pessoas da minorias muçulmanas foram detidas em campos em Xinjiang, onde Pequim também é acusado de impor trabalhos e esterilizações forçadas.

A China afirma que os campos são centros de formação para reduzir a atração exercida por grupos de extremistas islâmicos.

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