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Guerra Fria 2.0

China apresenta novas armas e provoca os Estados Unidos durante show aéreo

Ditadura fez uma demonstração importante de avanço militar no evento, que é uma vitrine para um setor tratado com alto grau de segredo no país

Apresentação de aeronaves da ditadura chinesaApresentação de aeronaves da ditadura chinesa - Foto: Noel Celis/AFP

A China apresentou novas capacidades aéreas e aproveitou para provocar os Estados Unidos, seu rival estratégico na chamada Guerra Fria 2.0.

"Só posso dizer que, se eles não estão assustados [com a tecnologia militar chinesa], vamos nos encontrar no céu", afirmou o comandante-adjunto da Força Aérea da China, Wang Wei.

Ele respondeu a uma questão sobre a fala de Frank Kendall, o secretário da Força Aérea dos EUA, que disse recentemente que os EUA precisavam manter sua liderança tecnológica para manter a "China assustada".

A fala do chinês ocorreu nesta quarta (29), durante o Airshow China 2021, o principal evento do setor aeroespacial do país –ele é bienal, mas foi adiado do ano passado para cá devido à pandemia, e é realizado em Zhuhai.

 



A ditadura fez uma demonstração importante de avanço militar no evento, que é uma vitrine para um setor tratado com alto grau de segredo no país.

Foram apresentados voos da nova versão do Chengdu J-20, o caça furtivo ao radar que é o mais avançado avião chinês, com motores produzidos no país.

O J-20 usava turbinas AL-31FN russas, que são de uma geração anterior e enfrentavam crítica por dar potência inferior ao peso e à dimensão da aeronave. Naturalmente, não foi possível aferir de forma independente o anúncio chinês.

Até hoje, foram construídos cerca de 150 unidades do modelo, que serão a linha de frente da defesa do país na região do Indo-Pacífico. Alguns analistas questionam sua qualificação de ser da chamada quinta geração, como os americanos F-22 e F-35 –dúvida semelhante afeta o russo Su-57.

Os chineses também apresentaram uma versão para guerra eletrônica, equipada com "pods" para uso de ondas eletromagnéticas visando atrapalhar as capacidades adversárias, do caça J-16.

Um derivado copiado do russo Su-27, comprado nos anos 1990 de Moscou pela China, o avião tinha sua existência especulada há anos e é má notícia para a Força Aérea de Taiwan –ilha que Pequim considera sua que enfrenta testes de suas defesas aéreas quase semanais por parte do regime continental.

Também foram mostrados novos drones de reconhecimento e uma versão furtiva de ataque, semelhante ao russo S-70 Okhotnik. Não se sabe, contudo, o estágio real de seu desenvolvimento, apenas a sinalização que Pequim quis dar ao exibi-lo.

O mesmo pode ser dito sobre um novo míssil de combate aéreo de longo alcance, além do campo de visão, e de armamentos para combate próximo.

Por outro lado, não houve sinal até aqui do bombardeiro estratégico furtivo ao radar H-20, cujo primeiro voo poderá acontecer até o ano que vem. Isso é particularmente interessante a observadores porque os EUA acabam de anunciar a aceleração da produção do seu novo avião do tipo, o B-21 Raider.

Tais demonstrações de poderio muitas vezes são apenas uma forma de intimidação, mas a Airshow China 2021 chama a atenção por ocorrer em meio ao recrudescimento da Guerra Fria 2.0 iniciada por Donald Trump, agora sob a batuta do lado americano de Joe Biden.

Além disso, os EUA anunciaram há duas semanas um novo pacto militar com britânicos e australianos, cujo ponto principal é equipar a ilha-continente ao sul da China com submarinos nucleares.

A China tem o segundo maior orçamento militar do mundo. Ainda que seja quatro vezes inferior ao dos EUA, o fato de os custos de produção locais serem menores reduz um pouco essa distância.

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