China apresenta plano para reforçar setor de tecnologia e economia digital
O objetivo é uma tentativa de impulsionar esses setores para se tornarem autossuficientes
A China apresentou na terça-feira (7) um plano para fortalecer o Ministério da Ciência e Tecnologia e para criar uma autoridade central de dados que supervisionará a economia digital em uma tentativa de impulsionar esses setores para se tornarem autossuficientes.
A reestruturação pretende concentrar os recursos deste ministério em coordenar "as conquistas científicas e tecnológicas".
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O plano coincide com a estratégia de Pequim de alocar recursos para o setor de pesquisa e manufatura diante das restrições impostas pelos Estados Unidos e seus aliados às empresas de tecnologia do país.
O ministério da Ciência e Tecnologia delegará suas responsabilidades pelo desenvolvimento social e rural a outros departamentos e "otimizará sua gestão na cadeia de inovação científica e tecnológica", diz o plano.
A medida também deve criar um gabinete nacional de dados que fará o acompanhamento da economia digital e reduzirá em 5% o total de funcionários das instituições centrais para que sejam realocados em “áreas-chave”.
O Parlamento deve aprovar o projeto em uma votação a ser realizada na sessão anual na sexta-feira (10).
Sanções americanas e reestruturação
China e Estados Unidos travam uma batalha acirrada pela fabricação de semicondutores, insumos essenciais para o funcionamento de smartphones e veículos conectados, mas também de equipamentos militares.
Nos últimos meses, os EUA ampliaram as sanções contra os fabricantes tecnológicos chineses, alegando preocupações em torno da segurança nacional, fazendo com que esta indústria enfrente obstáculos para acessar a tecnologia americana.
Além disso, o país mais populoso do mundo está enfrentando a "situação de uma dura competição científica e tecnológica internacional, bem como a contenção e repressão estrangeiras", disse Xiao Jie, secretário-geral do governo, ao apresentar o plano.
Para ele, a China deve coordenar melhor suas capacidades para que possa ser autossuficiente em seu desenvolvimento.
O país também planeja substituir o atual regulador bancário e de seguros por um novo órgão que será encarregado da supervisão geral do setor financeiro.
O presidente, Xi Jinping, instou no domingo que o país reforce suas capacidades de produção.
"Um grande país de 1,4 bilhão de pessoas deve confiar apenas em si mesmo para construir um forte setor manufatureiro que seja 'inovador' e 'mais verde'", disse ao Parlamento.
A sessão anual também deve marcar a confirmação de um terceiro mandato do atual presidente.
Para Changhao Wei, pesquisador do Centro Paul Tsai para a China da Faculdade de Direito da Universidade de Yale, o anúncio segue "uma regra não escrita" de que, no início de cada mandato de cinco anos, o governo lança uma grande reestruturação.
É "possível, até provável, que o Partido e o próprio Xi Jinping reforcem seu controle com este plano", acrescentou Wei.