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EUA

China e México reagem às declarações de Rubio, futuro chefe da diplomacia de Trump

Por outro lado, presidente mexicana saudou a sinalização de que o Departamento de Estado têm interesse de atuar conjuntamente para combater cartéis de droga na fronteira

Marco Rubio, senador da Flórida indicado por Trump a secretário de Estado dos EUA Marco Rubio, senador da Flórida indicado por Trump a secretário de Estado dos EUA  - Foto: Kevin Dietsch / AFP

Um dia após a sabatina de Marco Rubio, indicado pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, a secretário de Estado, China e México reagiram de formas opostas às declarações do futuro chefe da diplomacia americana.

Por um lado, o governo chinês denunciou nesta quinta-feira o que chamou de "ataques infundados" do senador da Flórida, que classificou Pequim como "o adversário mais poderoso e o mais perigoso" de Washington.

Por outro, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, considerou uma "boa notícia" a sinalização de que os EUA têm interesse em trabalhar em parceria com o vizinho para combater os cartéis de droga.

Filho de imigrantes cubanos, Rubio pode se tornar o primeiro hispânico a comandar o Departamento de Estado se seu nome for aprovado pelo Senado, de maioria republicana — o que deve acontecer sem dificuldades.

Relação com Pequim
— Os Estados Unidos precisam compreender a China da maneira adequada, pôr fim aos ataques infundados e às campanhas de desprestígio — disse em coletiva de imprensa o porta-voz da chancelaria chinesa, Guo Jiakun.

Ao ser questionado pelos senadores sobre qual deveria ser a postura dos EUA com a China, Rubio se contrapôs ao presidente cessante, Joe Biden, defendendo que, em vez de priorizar uma "ordem mundial liberal" liderada por Washington, o país deveria seguir o lema "América primeiro" de Trump.

— A ordem global do pós-guerra [Segunda Guerra Mundial] não está apenas obsoleta, mas agora é uma arma que está sendo usada contra nós — disse ele durante o discurso, interrompido várias vezes por manifestantes. — Recebemos o Partido Comunista Chinês nessa ordem global. E eles aproveitaram todos os seus benefícios. Mas ignoraram todas as suas obrigações e responsabilidades. Eles mentiram, trapacearam, hackearam e roubaram para alcançar o status de superpotência global, às nossas custas.

Na visão de Rubio, a ótica deveria valer inclusive em relação a Taiwan, território autônomo que o governo chinês considera parte do país, embora adote um sistema democrático e mantenha fortes laços com o Ocidente.

Segundo ele, uma estratégia de dissuasão para evitar uma eventual invasão da ilha seria demonstrar às autoridades chinesas que elas pagariam “um preço muito alto” caso fizessem isso, defendendo o aumento no fornecimento de armas a Taipé.

— Essa é uma questão fundamental e definidora para Xi Jinping — respondeu Rubio. — Acho que precisamos nos preocupar com o fato de que, a menos que algo drástico mude, como um balanço em que eles [os chineses] concluam que os custos de intervir em Taiwan são muito altos, teremos que lidar com isso antes do final desta década.

Resposta do México
A presidente Sheinbaum considerou uma “boa notícia” a posição de Rubio na sabatina, que defendeu a cooperação com o governo mexicano no combate ao tráfico de drogas. Segundo ele, os cartéis têm “controle operacional sobre enormes faixas das regiões fronteiriças” entre os dois países.

— Foi muito boa a declaração dele, de que o Departamento de Estado buscaria a coordenação com o governo mexicano, e é exatamente isso que temos defendido. Portanto, acho que é uma boa notícia — disse a líder esquerdista durante sua habitual coletiva de imprensa.

Sheinbaum também concordou com a abordagem de Rubio com relação à possibilidade de designar os cartéis mexicanos como organizações terroristas estrangeiras, um recurso que o futuro secretário de Estado descreveu como uma “ferramenta imperfeita”, mas que ele não descartou.

Durante a sabatina, ele também disse que Trump teria direito de usar as Forças Armadas americanas para enfrentar os narcotraficantes.

— Obviamente, também concordamos com isso. Declarar [um] grupo [como] terrorista tem muitas implicações. Portanto, mantenho essa parte da colaboração. Acreditamos em sua palavra — acrescentou a presidente.

Na quarta-feira, Rubio destacou “três áreas de atrito” com o México: “comércio e violações de acordos comerciais”, controle do “problema de migração na fronteira” e “violência” de grupos transnacionais.

Sheinbaum enfatizou, por sua vez, que haverá espaço para “coordenação de alto nível” assim que o presidente Trump e sua equipe assumirem o cargo na próxima segunda-feira, sempre dentro de uma estrutura de respeito à soberania de ambas as nações, acrescentou.

Trump declarou recentemente que o México é governado por cartéis de drogas, ao que Sheinbaum respondeu dizendo que em seu país “o povo governa”.

O republicano também ameaçou o México e o Canadá, seus parceiros no acordo de livre comércio T-MEC, com tarifas exorbitantes até que eles reprimam o tráfico de fentanil e as travessias de imigrantes em situação irregular na fronteira assim que ele assumir o cargo.

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