China estará pronta para invadir Taiwan em 2025, diz governo da ilha
A China terá capacidade de promover uma invasão total de Taiwan até 2025. Foi o que disse nesta quarta (6) o ministro da Defesa da ilha autônoma que Pequim classifica como uma província rebelde, Chiu Kuo-cheng.
Ele fez o comentário no Parlamento do país, ao avaliar as megaincursões chinesas contra as defesas aéreas de Taiwan, o novo contra as defesa aéreas taiwanesas.
De sexta (1º) a segunda (4), 149 aviões militares da ditadura comunista testaram o poder de reação de caças e sistemas da ilha ao se aproximar de sua Zona de Identificação de Defesa Aérea.
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Ainda que isso seja algo que ocorra diversas vezes por semana, nunca houve uma onda com tal intensidade, o que fez Taipei decretar alerta militar e levou os Estados Unidos a reiterarem seu compromisso de defender a ilha.
Segundo Chiu, os chineses já poderiam fazer um ataque em diversas frentes agora. "Mas eles têm de pensar no custo e na consequência de começar uma guerra", afirmou, ponderando que a situação pode ser mais aceitável em termos de riscos para Pequim em quatro anos.
"Nós nunca quisemos ter uma corrida armamentista [com os chineses] porque não temos condições para isso", afirmou. "É a situação mais dura que vi nos meus 40 anos de vida militar", completou, falando sobre as incursões.
A escalada militar chinesa encerra diversos fatores: simbolismo, já que é o período entre as datas nacionais dos dois países (1º de outubro para Pequim, 10 para Taipei), uma série de exercícios militares de aliados dos EUA nas proximidades e os recentes esforços de Washington de montar alianças na região contra a China.
Mesmo a chegada do novo governo japonês entra na conta, e o gabinete de Fumio Kishida já sinalizou de forma inédita que pode tomar medidas concretas contra o cerco a Taiwan.
Além disso, a atividade custa caro aos taiwaneses: em média, segundo o Ministério da Defesa da ilha, cada incursão mobiliza cerca de R$ 5,5 milhões em recursos com a decolagem de caças e acionamento de defesas. Isso fora o estresse constante de pilotos e operadores de baterias de mísseis.
Taiwan tem buscado se fortalecer, tendo apresentado um orçamento militar de R$ 92 bilhões para 2022, com aumentos expressivos para ações de defesa aérea e compra de sistemas navais.
Em número brutos, é cerca de um décimo do gasto chinês, e as capacidades são incomparáveis: Pequim é a terceira potência nuclear do planeta, para começar, atrás de EUA e Rússia.
Mas as vantagens são relativas. "Apenas 10% da costa de Taiwan possibilitam desembarque anfíbio. Não importa quantas tropas, armas e suprimentos a China possa concentrar do outro lado do estreito", disse o analista Philip Orchard, da consultoria americana Geopolitical Futures.
"Para invadir, a China tem de colocar o grosso de suas forças em barcos, fazer uma viagem de oito horas para dentro das defesas bem feitas e bem abastecidas de Taiwan. Mesmo sob uma barragem de mísseis de Fujian [a província chinesa do outro lado do mar], de surpresa, Taiwan pode extrair uma alta taxa de atrito dos chineses", completou.
Por taxa de atrito, leia-se mortos, feridos, perdas materiais. Além disso, há o inevitável: se Pequim tem como política absorver pacificamente Taiwan a seu território, tem de ganhar corações e mentes. Não será com uma guerra devastadora que fará isso se governar a ilha.
O que não significa que não possa acontecer, dada a intensidade de treinos chineses para tal. Analistas especulam que a paciência do líder Xi Jinping poderá acabar nos próximos anos, como ocorreu em Hong Kong, e aí o cálculo terá de incluir o grau de comprometimento dos EUA e de aliados como o Japão em ajudar Taipei.
No discurso, é total, como deve ter repetido o assessor de segurança nacional americano, Jake Sullivan, a seu homólogo chinês, Yang Jiechi, em um encontro em Genebra nesta quarta. Ao menos não houve ameaças e vozes levantadas, como na reunião passada, em março no Alasca.
Mas o risco de engajar as duas maiores potências econômicas do mundo, armadas com bombas nucleares e vivendo sua Guerra Fria 2.0, em um conflito aberto torna a empreitada imponderável de ambos os lados.
Enquanto isso, Taiwan tem trabalhado para melhorar suas defesas com mísseis antinavio, drones de ataque, baterias de mísseis costeiras e corvetas furtivas ao radar.