taiwan

China mobiliza navios de guerra perto de Taiwan após reunião Tsai-McCarthy

Sob o princípio de "uma só China", a princípio reconhecido pelos Estados Unidos, Pequim se opõe a qualquer relação formal entre os governantes de Taiwan e os de outros países

As relações entre a China e Taiwan, difíceis desde a sua separação em 1949, são fonte de tensões recorrentes entre Washington e PequimAs relações entre a China e Taiwan, difíceis desde a sua separação em 1949, são fonte de tensões recorrentes entre Washington e Pequim - Foto: Freepik

A China mobilizou nesta quinta-feira (6) navios de guerra e um helicóptero antissubmarino nas águas próximas a Taiwan, após a reunião entre a presidente da ilha, Tsai Ing-wen, e o presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos.

Depois de ignorar as advertências de Pequim, a líder taiwanesa se encontrou na quarta-feira em Los Angeles com Kevin McCarthy, durante uma escala em seu retorno da Guatemala e de Belize, dois dos últimos aliados da ilha autogovernada.

O ministério das Relações Exteriores da China reagiu e prometeu "medidas firmes e eficazes para salvaguardar a soberania nacional e a integridade territorial".

"Estados Unidos e Taiwan conspiraram para reforçar suas relações, o que mina gravemente a soberania chinesa e envia um mau sinal de apoio aos separatistas taiwaneses", lamentou Mao Ning, porta-voz da diplomacia chinesa.

Horas antes do encontro, a China deslocou um porta-aviões para as proximidades da ilha. O ministério da Defesa de Taiwan anunciou a detecção de três navios de guerra e um helicóptero que atravessaram a zona de identificação de defesa aérea da ilha.

"As Forças Armadas monitoraram a situação e acionaram os aviões da patrulha aérea de combate, navios da Marinha e sistemas de mísseis terrestres para responder às atividades", afirma em comunicado ministerial.

Embora Taiwan seja governado de maneira autônoma há mais de 70 anos, a China considera a ilha parte de seu território e defende a recuperação de seu controle em algum momento, inclusive pela força se considerar necessário.

Nesse sentido, os Estados Unidos disseram hoje à China que escolha a "diplomacia", em vez da "pressão militar" sobre Taiwan.

"Continuamos pedindo a Pequim que ponha fim à sua pressão militar, diplomática e econômica contra Taiwan e, em seu lugar, participe de uma diplomacia construtiva", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, à imprensa.

"Continuamos comprometidos com manter os canais de comunicação abertos para evitar o risco de qualquer tipo de erro de cálculo", acrescentou Patel.

"Não estamos isolados"
Sob o princípio de "uma só China", a princípio reconhecido pelos Estados Unidos, Pequim se opõe a qualquer relação formal entre os governantes de Taiwan e os de outros países.

Em agosto, depois da visita a Taipé da antecessora de McCarthy na presidência da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, a China mobilizou navios de guerra, aviões de combate e disparou mísseis ao redor da ilha.

Para evitar um episódio similar, McCarthy não viajou a Taiwan e optou pelo encontro na Califórnia que, até o momento, provocou uma resposta de menor intensidade da China.

Antes de deixar os Estados Unidos, Tsai disse que o Departamento de Segurança Nacional da ilha acompanha de perto a situação.

"Nossa ação consiste em garantir uma navegação segura em alto-mar para nossos navios e impedir a ingerência chinesa em nossas águas territoriais",disse ela, depois de as autoridades chinesas terem ameaçado fazer inspeções a navios de carga e de passageiros.

Depois da reunião com McCarthy e líderes dos dois partidos americanos na Biblioteca Presidencial Ronald Reagan, em Simi Valley, Tsai agradeceu a recepção nos Estados Unidos.

"Sua presença e seu apoio inabalável reafirmam ao povo de Taiwan que não estamos isolados e que não estamos sozinhos".

"Taiwan agradece por ter os Estados Unidos a seu lado, enquanto enfrenta desafios únicos em nossa era", acrescentou.

Fornecimento de armas
McCarthy, segunda autoridade na linha de sucessão presidencial e nativo da Califórnia, disse que a "amizade entre o povo de Taiwan e os Estados Unidos é vital para manter a liberdade econômica, a paz e a estabilidade regional".

Os Estados Unidos reconheceram Pequim em 1979, mas são um importante aliado de Taiwan e seu maior fornecedor de armas.

O congressista defendeu o prosseguimento do apoio à ilha porque "sabemos, historicamente, que o melhor é fornecer armas para permitir que as pessoas impeçam a guerra".

"É uma lição vital que aprendemos na Ucrânia, que a simples ideia de sanções não irá deter ninguém", acrescentou.

O novo episódio de tensão acontece no dia da chegada a Taiwan de uma delegação de oito membros do Congresso americano para discutir comércio e segurança.

O apoio à ilha é um dos poucos consensos bipartidários no Congresso americano e, durante o mandato de Tsai, essa relação ganhou força.

A democrata Nancy Pelosi elogiou a reunião na Califórnia como "louvável por sua liderança, participação bipartidária e sua distinta e histórica sede".

No poder desde 2016, Tsai encerra o mandato presidencial em 2024 e seu partido enfrenta a oposição de rivais considerados mais próximos a Pequim.

Ela se posicionou como defensora do 'status quo', uma independência de fato mas não reconhecida abertamente, enquanto a China pressiona para isolar e e retirar aliados da ilha.

De fato, após uma mudança diplomática de Honduras, Taiwan conta apenas com 13 países que reconhecem a ilha oficialmente.

Veja também

Projeto de inclusão do IFPE conquista 1º lugar estadual do Prêmio IEL de Talentos
Inclusão

Projeto de inclusão do IFPE conquista 1º lugar estadual do Prêmio IEL de Talentos

Israel confirma morte de dois soldados em combates perto da fronteira com o Líbano
ORIENTE MÉDIO

Israel confirma morte de dois soldados em combates perto da fronteira com o Líbano

Newsletter