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Chuvas em SP: quais os riscos para a saúde de andar em enchentes e alagamentos?

Água pode estar contaminada e disseminar vírus e bactérias que causam doenças como leptospirose, gastroenterites, febre tifoide, hepatite A entre outras

Desmoronamento causado pelas chuvas no bairro Itatinga, conhecido como Topolândia, no litoral norte de São PauloDesmoronamento causado pelas chuvas no bairro Itatinga, conhecido como Topolândia, no litoral norte de São Paulo - Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil

As fortes chuvas que caíram durante o Carnaval deste ano no Litoral Norte de São Paulo provocou uma série de deslizamentos, deixando ruas completamente inundadas em meio à tragédia que já contabiliza mais de 40 mortos. Nos mesmos dias, outras cidades também registraram chuvas, como a capital, onde as enchentes não afastaram foliões que curtiram os blocos de rua ainda que por vias completamente alagadas. Mas quais são os riscos para a saúde ao andar em enchentes?

As principais doenças conhecidas por terem maior risco de contaminação em águas de alagamentos são a leptospirose, gastroenterites, febre tifoide, hepatite A, tétano, entre outras. A mais famosa, leptospirose, é uma doença infecciosa causada pela bactéria Leptospira, eliminada principalmente pela urina de ratos.

Isso porque a transmissão ocorre principalmente por meio de contato da pele com a água e da lama contaminadas, não sendo necessária uma ferida para que o patógeno consiga infectar o organismo. A incidência da doença é rara, mas o quadro é grave. Os sintomas envolvem febre, dor de cabeça, dor na panturrilha, fraqueza, sangramentos na pele e mucosa e insuficiência renal.

Já as gastroenterites podem ser causadas por uma série de vírus ou bactérias que circulam em água contaminada. Por precisarem ser engolidos, é menos provável que as pessoas sejam infectadas enquanto caminham na água. Porém a falta de um cuidado depois pode deixar o indivíduo suscetível.

“As pessoas podem facilmente contaminar alimentos e bebidas se não lavarem bem as mãos após o contato com a água da enchente. Os sintomas mais comuns de gastro são vômitos, diarreia e cólicas estomacais que começam de seis a 72 horas após a infecção”, explica o professor de Controle de Doenças Transmissíveis da Universidade de Queensland, na Austrália, Simon Reid, em artigo sobre o tema para o site The Conversation.

A hepatite A é uma infecção viral que também é transmitida da mesma maneira que os patógenos causadores da gastroenterite. Por isso, é preciso evitar colocar a mão na boca ao andar por um alagamento. A doença acomete o fígado e provoca febre, mal-estar, falta de apetite, desconforto abdominal, urina escura e icterícia (pele amarelada).

Para essa forma de hepatite, porém, há como se proteger por meio da vacinação. De acordo com o calendário do PNI, o imunizante é recomendado no esquema de dose única, aos 15 meses de vida. Pode ser aplicado no máximo até a criança completar cinco anos, porém o quanto antes melhor. Na rede privada, é administrado em duas doses, aos 12 e 18 meses de idade, o que segue orientações das sociedades de pediatria e de imunizações.

Adultos que não foram imunizados, ou cujo exame de sorologia mostre que não têm anticorpos para o vírus da hepatite A podem se vacinar, mas apenas na rede privada. Nesse caso, a imunização é feita em duas doses, com um intervalo de seis meses entre elas.

A febre tifoide, causada pela bactéria Salmonella Typhi, também provoca um quadro de diarreia, porém é mais grave caso não seja devidamente tratada. Isso porque em quadros mais severos podem ocorrer sangramentos e perfurações no intestino como complicações.

Porém, no Brasil, a incidência da doença é baixa, sendo endêmica apenas em determinadas regiões mais isoladas com precariedade de saneamento básico. Ela também é transmitida pela ingestão por água ou alimentos contaminados.

Há ainda o risco de ser contaminado com tétano ao andar em alagamentos, uma vez que é difícil observar onde se está pisando, o que favorece o risco de cortes em áreas infectadas. Além disso, Reid lembra no artigo que existem os “perigos físicos que causam ferimentos”, como o risco de tomar um choque caso uma fonte de eletricidade entre em contato com a água.

Por isso, as dicas dos especialistas são evitar andar em qualquer alagamento e, caso não seja possível, utilizar sapatos; jogar fora todo alimento que tenha entrar em contato com a água; tomar um banho após o contato; lavar as mãos antes de ingerir qualquer comida ou colocá-la na boca e desinfetar qualquer ferida que tenha na pele.

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