Ciclone Mocha, de categoria 5, atinge Mianmar e Bangladesh
Mocha tocou o solo entre as cidades de Cox's Bazar (Bangladesh) e Sittwe (Mianmar) com ventos de até 195 quilômetros por hora
O ciclone Mocha, de categoria 5, a máxima, atingiu a costa de Mianmar e de Bangladesh, no Golfo de Bengala, neste domingo (14), poupando grandes acampamentos de refugiados em seu caminho, mas provocando tempestades no oeste de Mianmar.
Mocha tocou o solo entre as cidades de Cox's Bazar (Bangladesh) e Sittwe (Mianmar) com ventos de até 195 quilômetros por hora, tornando-se a maior tormenta a atingir a baía em mais de uma década.
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No final do domingo, a tempestade havia passado em grande parte, de acordo com os correspondentes da AFP e, de acordo com o serviço meteorológico indiano, deve se enfraquecer até chegar às colinas do interior de Mianmar.
Entre 400 e 500 abrigos improvisados foram danificados nos acampamentos que acolhem quase um milhão de refugiados muçulmanos rohingya em Cox's Bazar, mas nenhuma vítima foi relatada, disse o comissário de refugiados, Mizanur Rahman.
Kamrul Hasan, responsável pela gestão de desastres, afirmou que o ciclone não causou "grandes danos" em Bangladesh, onde as autoridades deslocaram 750.000 pessoas antes da tempestade.
As comunicações com a cidade portuária de Sittwe, cujas ruas se transformaram em rios quando a tempestade começou, ficaram praticamente cortadas, segundo jornalistas da AFP.
O vento destruiu casas feitas de bambu e lona em um acampamento de refugiados rohingya em Kyaukphyu, no estado birmanês de Rakhine, enquanto os moradores observavam, preocupados, a elevação da maré.
"Agora vamos verificar se o nível do mar está subindo até nossa casa (...) se a maré subir, nosso acampamento ficará inundado", explicou o líder do acampamento, Khin Shwe.
No sábado (13), os moradores de Sittwe colocaram seus pertences e animais de estimação em carros, caminhões e outros veículos, em busca de terrenos mais altos, observaram jornalistas da AFP no local.
'Grande resposta de emergência'
A Cruz Vermelha birmanesa disse estar se preparando "para uma grande resposta de emergência".
Refugiados rohingya foram retirados de "zonas de risco" e levados para centros comunitários, enquanto milhares de pessoas fugiram da ilha turística de Saint Martin, localizada na trajetória prevista do ciclone.
A tormenta arrancou centenas de árvores na ilha, segundo o vereador Noor Ahmed, "mas não nos informaram de mortes. Duas pessoas ficaram feridas, atingidas por árvores".
"Este ciclone é a tempestade mais forte desde o ciclone Sidr", afirmou o diretor do Departamento Meteorológico de Bangladesh, Azizur Rahman, em entrevista à AFP.
Em novembro de 2007, Sidr devastou o sudoeste de Bangladesh, deixando mais de 3.000 mortos e bilhões de dólares em danos.
Pânico
Os meteorologistas preveem que o ciclone causará chuvas que podem inundar vilarejos do litoral e às margens de rios.
A maioria dos acampamentos rohingya é construída na encosta de uma colina, e os deslizamentos de terra são frequentes na área.
As autoridades locais informaram que milhares de voluntários estavam ajudando a retirar os rohingyas das "áreas de risco", levando-os para estruturas mais sólidas, como escolas.
O vice-comissário de refugiados de Bangladesh, Shamsud Douza, advertiu, por sua vez, que "todos os rohingyas em acampamentos estão em perigo".
As autoridades de Bangladesh proibiram esses refugiados de construírem casas, temendo que se instalassem de forma permanente, em vez de voltar para sue país, de onde fugiram em 2017.
As operações no maior porto marítimo do país, o Chittagong, foram suspensas, e as atividades de navegação e pesca, interrompidas.
Os ciclones, chamados furacões no Atlântico, e tufões, no Pacífico, são uma ameaça frequente e mortal nos litorais do norte do Oceano Índico, onde vivem dezenas de milhões de pessoas. Em 2008, o ciclone Nargis arrasou o delta do Irrawaddy, em Mianmar, deixando pelo menos 138.000 mortos.