Ciclone Mocha deixa três mortos em Mianmar e cidade isolada
Mocha atingiu região entre as cidades de Cox's Bazar (Bangladesh) e Sittwe (Mianmar), com ventos de até 195 km/h
O ciclone Mocha causou três mortes ao passar pelo oeste de Mianmar, no Golfo de Bengala, e dezenas de milhares de habitantes da cidade portuária de Sittwe permaneceram isolados do mundo nesta segunda-feira (15).
Mocha atingiu a região entre as cidades de Cox's Bazar (em Bangladesh) e Sittwe (Mianmar), com ventos de até 195 quilômetros por hora, a maior tempestade a afetar o golfo em mais de uma década.
No final do domingo, a tempestade já havia passado em grande parte.
Em última análise, não causou grandes danos, como se temia, nos enormes acampamentos de refugiados onde vivem um milhão de rohingyas em Bangladesh. As autoridades do país não registraram nenhuma vítima.
A junta militar birmanesa indicou que três pessoas morreram no país, duas no estado de Rakhine e uma na região de Ayeyarwady (sul).
"Alguns habitantes ficaram feridos" pela tempestade e 864 casas e 14 hospitais ou clínicas foram danificados no país, afirmou em comunicado.
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As comunicações com a cidade de Sittwe, que sofreu o pior impacto do ciclone, continuam interrompidas nesta segunda-feira, de acordo com sites de rastreamento de ciclones.
A estrada para a cidade, onde vivem cerca de 150.000 pessoas, estava repleta de árvores, postes e cabos elétricos caídos, que as equipes de resgate trabalharam para remover com motosserras, observaram correspondentes da AFP.
"Passamos pelo ciclone ontem, cortamos árvores e movemos postes... mas as árvores grandes bloquearam a estrada", disse um motorista de ambulância que tentava chegar a Sittwe.
O ciclone provocou uma tempestade de vários metros e ventos violentos que derrubaram uma torre de comunicações em Sittwe, capital do estado de Rakhine, segundo imagens publicadas nas redes sociais.
"Preocupado"
Os veículos de comunicação vinculados à junta indicaram que centenas de torres de telefonia móvel não estavam mais operacionais.
"Não tem conexão telefônica, nem internet (...). Estou preocupado com a minha casa e meus pertences", disse um morador da cidade, que não quis revelar o nome.
Os problemas de comunicação impossibilitam a avaliação dos danos em Rakhine, mas "as primeiras informações que chegam apontam para danos significativos", disse o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) no domingo.
Em Bangladesh, "cerca de 300 casas foram destruídas pelo ciclone", disse à AFP Shamsud Douza, vice-comissário de refugiados do país.
Reconstruir
Ele afirmou que as autoridades distribuem bambu, lonas e outros materiais para que os rohingyas afetados possam reconstruir as suas casas.
O risco de deslizamentos de terra nos acampamentos é baixo "devido às chuvas escassas".
"O céu clareou. O ciclone Mocha é a tempestade mais poderosa a atingir Bangladesh desde o ciclone Sidr", disse à AFP Azizur Rahman, diretor do departamento meteorológico de Bangladesh.
Em novembro de 2007, Sidr havia devastado o sudoeste de Bangladesh, causando mais de 3.000 mortes e vários bilhões de dólares em danos.
Melhores previsões meteorológicas nos últimos anos e evacuações mais eficazes reduziram drasticamente o número de mortes por ciclones.
Os ciclones, chamados de furacões no Atlântico e tufões no Pacífico, são uma ameaça frequente e mortal para a costa norte do Oceano Índico, onde moram dezenas de milhões de pessoas.
Os cientistas alertam que os ciclones estão se tornando mais poderosos em certas regiões do mundo devido às mudanças climáticas.