Denúncia

CIDH denuncia na OEA "repressão violenta" na Venezuela

Violência pós-eleitoral contra manifestantes levou "à morte de pelo menos 23 pessoas, muitas delas jovens", condenou a presidente da CIDH Roberta Clarke

Organizações dos Estados Americanos (OEA)Organizações dos Estados Americanos (OEA) - Foto: Reprodução

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) denunciou nesta quarta-feira (28) "a repressão violenta, as prisões arbitrárias e a perseguição política" pós-eleitoral na Venezuela, durante sessão na Organização dos Estados Americanos (OEA), em que Brasil, Colômbia e México não se pronunciaram.

Os três países mediam a crise gerada na Venezuela pela reeleição polêmica de Nicolás Maduro no pleito de 28 de julho. A repressão atual reflete padrões observados pela Comissão nos protestos de 2014 e 2017", denunciou a presidente da CIDH, Roberta Clarke, em sessão extraordinária na sede da OEA, da qual a Venezuela não faz parte.

"E o que vemos? Em primeiro lugar, o uso arbitrário da força, que resultou em perda de vidas e feridos", afirmou Roberta, mas também "prisões arbitrárias e desaparecimentos forçados", "perseguição judicial e assédio a pessoas consideradas opositoras, incluindo voluntários eleitorais", "censura e restrições à liberdade de expressão, de associação e de reunião pacífica", e "obstáculos" aos defensores dos direitos humanos.

A violência pós-eleitoral contra manifestantes levou “à morte de pelo menos 23 pessoas, muitas delas jovens”, condenou a presidente da CIDH.

Segundo ela, dez “são atribuíveis diretamente às forças do Estado” e seis "aos coletivos", grupos armados apoiadores do chavismo “que atuam com o consentimento, tolerância ou anuência do Estado”.

Desde o fim de julho, organizações da sociedade civil "registraram 1.672 detenções", a maioria de jovens que vivem em áreas urbanas com índices de pobreza muito altos, disse Roberta.

Muitas vezes, as prisões são seletivas, contra “voluntários eleitorais e aqueles percebidos como opositores do regime, incluindo jornalistas, líderes da oposição, defensores dos direitos humanos e estudantes universitários”.

Estratégia
A presidente da CIDH, organização da OEA, disse ter conhecimento "do cancelamento ilegal do passaporte de 36 pessoas", do fechamento de veículos de comunicação e do uso de aplicativos que incentivam os cidadãos “a compartilhar informações sobre os demais".

"Divida e vencerás" é a estratégia das autoridades, concluiu Roberta, ressaltando que essa prática "gera um clima de medo e intimidação entre a população”.

Após a apresentação do relatório, vários países intervieram para exigir a publicação das atas eleitorais venezuelanas, reclamada pela comunidade internacional para reconhecer o resultado do pleito.

O embaixador dos Estados Unidos na OEA, Francisco Mora, reiterou a necessidade de que “as partes venezuelanas iniciem conversas sobre uma transição respeitosa e pacífica. Como disse a comissão, os representantes de Maduro estão envolvidos em terrorismo de Estado desde as eleições”, ressaltou, acusando-os de espalhar “um clima de medo”.

Método nazista
O Uruguai traçou um paralelo com as táticas de castigo coletivo do nazismo.

"Sippenhaft era o método usado pelos nazistas ao perseguirem os parentes dos judeus para judicializá-los também. E nenhum crime. Esse é o crime da jornalista Ana Carolina Barreto, que querem trocar por sua mãe, a política Xiomara Barreto. O crime de ser venezuelana", disse o embaixador do país na OEA, Washington Abdala.

“Somente com firmeza se expulsa essa gente. Os que analisam o assunto e jogam xadrez não sabem o que é quando um povo está desesperado por liberdade”, acrescentou o uruguaio.

Brasil, México e Colômbia preferem atuar como mediadores fora da OEA.

Veja também

Delegado da PF diz que há indícios de ação coordenada em incêndios
JUSTIÇA

Delegado da Polícia Federal diz que há indícios de ação coordenada em incêndios

Ex-presidente uruguaio Mujica recebe alta seis dias após operação
Mujica

Ex-presidente uruguaio Mujica recebe alta seis dias após operação

Newsletter