Cientistas criam sutiã que consegue monitorar o câncer de mama; entenda
Pesquisadores da Universidade Nottingham Trent, na Inglaterra, esperam que inovação ajude a salvar a vida de pacientes ao acompanhar a evolução do tumor em tempo real
O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres no Brasil. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), em 2023 foram 73,6 mil novos diagnósticos, o que representa 30,1% de todos os tumores malignos no sexo feminino. Além disso, especialmente pela alta prevalência, é o responsável pelo maior número de mortes entre as pacientes oncológicas: 18,1 mil no ano passado.
Mas, pesquisadores do Centro de Inovação em Tecnologias Médicas da Universidade Nottingham Trent, na Inglaterra, esperam que uma novidade em desenvolvimento possa mudar esse cenário: um sutiã que consegue, de forma não invasiva, monitorar o câncer de mama em tempo real e identificar o seu crescimento.
A tecnologia inovadora funciona por meio de uma corrente elétrica que escaneia a mama e detecta pequenas alterações nos fluidos dentro e fora das células. Os cientistas explicam que, como o tecido tumoral é mais denso do que o saudável, já que ele contém menos água, essas mudanças sugerem a evolução do câncer – que pode ser percebida com um aumento tão pequeno quanto 2 mm.
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A ideia é que essa ferramenta – que pode tanto já ser incorporada no novo sutiã, como ser desenvolvida no formato de um acessório para ser inserido em outras peças – seja usada em conjunto com o tratamento e outros exames regulares, como a mamografia. Os dados coletados por ela serão registrados e repassados ao paciente e ao médico, o que permite uma avaliação contínua.
Com isso, a expectativa dos pesquisadores é que a necessidade de tantos outros exames seja reduzida, o que consequentemente facilita o tratamento da paciente e gera uma economia financeira à mulher e aos serviços de saúde.
"Estamos abrindo a porta para a investigação de uma alternativa de detecção do câncer de mama que poderia ser feita no conforto da casa da paciente, conservando recursos hospitalares essenciais e, ao mesmo tempo, oferecendo uma solução viável para detectar sinais precoces de câncer”, explica Yang Wei, pesquisador do centro que desenvolve a tecnologia, em comunicado.
Além disso, acreditam que pode dar mais tranquilidade por conseguir detectar alterações de forma quase imediata, sem precisar esperar o período entre os exames.
"A tecnologia medirá as alterações no tecido mamário e ajudará a aumentar a chance de sobrevivência da paciente. O câncer de mama pode crescer tão rapidamente que pode ter 1 mm em seis meses ou 2 mm em seis semanas. Essa seria uma medida adicional para verificar a velocidade de crescimento do tumor”, continua Wei.
O próximo passo dos cientistas é validar a tecnologia em experimentos menores para, nos próximos anos, levá-la aos testes clínicos – estudos com pacientes que poderão comprovar a segurança e eficácia do procedimento e, possivelmente, a uma autorização de agências reguladoras para uso na prática clínica.