Inteligência Artificial

Inteligência artificial identifica melhores espermatozoides para fertilização in vitro

Objetivo é aumentar a taxa de sucesso do procedimento em meio à queda na qualidade e quantidade dos gametas masculinos

Cientistas desenvolvem inteligência artificial que identifica melhores espermatozoides para fertilização in vitroCientistas desenvolvem inteligência artificial que identifica melhores espermatozoides para fertilização in vitro - Foto: . Reprodução / OMA Fertility

Uma clínica de fertilidade nos Estados Unidos desenvolveu uma Inteligência Artificial (IA) capaz de escanear os espermatozoides e selecionar os melhores para o processo de Fertilização In Vitro (FIV). Os especialistas afirmam que a técnica aumenta a taxa de sucesso do processo, hoje em cerca de 35% (podendo variar de 5% a 60%). Com isso, menos ciclos podem ser necessários para alcançar a gestação e, com isso, o custo acaba sendo reduzido.

Como está agora, os casais precisam passar por três ciclos de fertilização in vitro em média (para engravidar). Queremos reduzir esse número, pois isso reduzirá a dor e a carga financeira, e levará a mais sucesso disse um dos pesquisadores envolvidos no desenvolvimento da IA e fundador da OMA Fertility, clínica responsável pela tecnologia, Kiran Joshi, ao jornal britânico DailyMail.

Ele explicou que o novo algoritmo foi criado baseado no esperma de mil homens, coletados por todo o país americano. Os cientistas ensinaram a máquina a analisar o material e classificar os gametas com base em dois indicadores: o formato e o desempenho ao nadar. Isso porque um espermatozoide saudável tem a parte superior lisa e oval, e consegue se locomover de forma rápida e em linha reta.

Além disso, a OMA diz que apenas 4% dos espermatozoides são considerados adequados em uma amostra, e o microscópio utilizado com a inteligência artificial consegue analisar 20 vezes mais gametas. Nesse universo, após a análise, a tecnologia sinaliza com um quadrado verde os espermatozoides ideais para a fertilização.

Em abril, a empresa abriu novas clínicas e emitiu um comunicado sobre. No documento, mencionou "taxas acima da média de criação bem-sucedida de embriões oito vezes mais altas para mulheres com menos de 35 anos e 15 vezes mais altas para mulheres de 42 anos ou mais o que aumenta as chances de uma gravidez bem sucedida".

A taxa de criação de embriões, no entanto, refere-se ao sucesso da fecundação no laboratório, e não é traduzida diretamente para o sucesso na gravidez já que depende de esses embriões de fato serem inseridos na mulher, sobreviverem e gerarem uma gestação.

Mas, os responsáveis pela tecnologia afirmaram que os resultados finais também têm sido positivos e mais altos que a média com a técnica convencional. Disseram ainda que, em breve, publicarão em uma revista científica a pesquisa completa que mostra o desenvolvimento da IA e o seu impacto.

Nós mostramos um aumento na porcentagem de fertilização e na taxa de avanço do desenvolvimento do embrião. Houve um aumento percentual tanto na taxa de fertilização quanto no número de embriões que sobreviveram. Isso foi estatisticamente significativo disse o especialista em embriologia que participa dos estudos, Michael Guarnaccia, ao Dailymail.

Fertilidade em queda no mundo
A análise de espermatozoides com Inteligência Artificial pode ser uma estratégia efetiva já que, hoje, quase metade dos casos de infertilidade são atribuíveis aos homens. Evidências têm mostrado que a quantidade e a qualidade dos gametas masculinos estão em queda.

De acordo com um estudo publicado no ano passado, na revista científica Human Reproduction Update, a concentração de espermatozoides entre os homens caiu 51,6% em todo o planeta nos últimos 46 anos. Além disso, essa queda teve uma aceleração a partir dos anos 2000, para quase o dobro da velocidade observada no final do século anterior.

Essa piora é um dos fatores por trás do aumento da infertilidade global. Segundo um relatório publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em abril, cerca de 1 a cada 6 pessoas (17,5%) no mundo enfrentam dificuldades para engravidar. O diagnóstico, definido por não conseguir uma gravidez após ao menos 12 meses de tentativas, afeta o "bem-estar mental e psicossocial das pessoas", defendeu o órgão na época.

 

 

 

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