Logo Folha de Pernambuco

TECNOLOGIA

Cientistas desenvolvem tecnologia que transforma calor do corpo em energia para eletrônicos

Estudo busca criar aparelho que funcione como um 'banco de energia' abastecido pelo movimento corporal e exercício humano

MusculaçãoMusculação - Foto: Canva

Pesquisadores estão desenvolvendo um dispositivo capaz de capturar o calor corporal para alimentar tecnologias vestíveis, como relógios inteligentes e rastreadores fitness. Segundo a Live Science, cada metro quadrado do corpo humano emite calor equivalente ao de 19 fósforos por hora, um subproduto do metabolismo que, atualmente, se dissipa inutilmente na atmosfera.

O objetivo do projeto é criar uma tecnologia que funcione como um "banco de energia" integrado, permitindo que dispositivos operem por mais tempo ou até mesmo indefinidamente, utilizando o calor corporal. Essa abordagem não se limita aos humanos: máquinas e processos industriais também geram calor desperdiçado em grande escala.

Um dos aspectos mais inovadores da pesquisa é o uso de madeira como alternativa sustentável aos materiais termelétricos convencionais, geralmente compostos por substâncias tóxicas, como chumbo e mercúrio. Cientistas da Universidade de Limerick, em parceria com a Universidade de Valência, descobriram que produtos derivados de madeira, como a lignina — subproduto da indústria de papel —, podem converter calor residual em eletricidade.

Quando mergulhada em solução salina, a lignina cria uma membrana capaz de transformar calor de baixa temperatura (inferior a 200°C) em energia elétrica. Esse processo, segundo os especialistas, ocorre devido ao movimento de íons na solução: os positivos migram para o lado mais frio e os negativos para o mais quente, o que gera uma diferença elétrica. Como cerca de 66% do calor residual industrial está nessa faixa de temperatura, a solução apresenta um potencial significativo para aplicação em escala.

De acordo com a Live Science, a tecnologia tem grande potencial para indústrias como a manufatureira, que produz grandes quantidades de calor residual. Além de economizar energia, a iniciativa poderia reduzir o impacto ambiental das operações.

A inovação também pode ser utilizada em locais remotos, urbanos e até na infraestrutura de edifícios, como uma alternativa ecologicamente viável para geração e armazenamento de energia.

Uma segunda etapa

Converter o calor em eletricidade é apenas metade da solução; o armazenamento eficiente dessa energia é crucial. Supercapacitores, que armazenam energia rapidamente, são essenciais nesse contexto, mas dependem de materiais à base de carbono derivados de combustíveis fósseis, o que levanta questões de sustentabilidade.


Pesquisadores do mesmo grupo identificaram que o carbono poroso derivado da lignina pode ser usado como eletrodo em supercapacitores. Isso cria um ciclo completo, onde o calor residual é capturado, convertido e armazenado de forma sustentável, o que eliminaria a necessidade de substâncias nocivas.

Veja também

Putin ordena "produção em série" de mísseis hipersônicos "Oreshnik"
GUERRA

Putin ordena "produção em série" de mísseis hipersônicos "Oreshnik"

"Chip da beleza": Anvisa atualiza regras sobre implantes hormonais; entenda
SAÚDE

"Chip da beleza": Anvisa atualiza regras sobre implantes hormonais; entenda

Newsletter