Cientistas ingleses criam embrião sintético, feito sem esperma ou óvulo
A expectativa é que essa descoberta ajude, no futuro, famílias que tenham problemas de infertilidade
Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, criaram um embrião sintético sem o uso de espermatozoide ou óvulo. A estrutura foi formada com células-tronco e apresentou um cérebro, um coração pulsante e as bases de todos os outros órgãos do corpo. A expectativa é que essa descoberta ajude, no futuro, famílias que tenham problemas de infertilidade.
As células-tronco são "células mestras" do corpo, que podem se desenvolver em praticamente qualquer tipo de célula.
O estudo foi liderado por Magdalena Zernicka-Goetz, professora de desenvolvimento de mamíferos e biologia de células-tronco da Universidade de Cambridge no Reino Unido e publicado na revista científica Nature.
Em laboratório, sua equipe imitou os processos naturais que ocorrem quando há uma fecundação, guiando os três tipos de células-tronco encontradas no desenvolvimento inicial dos mamíferos até o ponto em que começam a interagir.
Leia também
• Pesquisa mostra que apenas 16% continuam usando máscara em locais abertos e fechados
• Cansado de eventos culturais on-line, brasileiro ainda não voltou ao presencial, diz pesquisa
• Cadernos de Darwin reaparecem em Cambridge após 20 anos
Ao induzir a expressão de um conjunto específico de genes e estabelecer um ambiente único para suas interações, os pesquisadores conseguiram fazer com que as células-tronco 'falassem' umas com as outras.
As células-tronco se auto-organizaram em estruturas que progrediram através dos sucessivos estágios de desenvolvimento até terem corações pulsantes e as bases do cérebro, bem como o saco vitelino onde o embrião se desenvolve e obtém nutrientes em suas primeiras semanas.
Ao contrário de outros embriões sintéticos, os modelos desenvolvidos pelos pesquisadores de Cambridge chegaram ao ponto em que todo o cérebro, incluindo a porção anterior, começou a se desenvolver.
O trabalho, o resultado de uma década de pesquisas, pode ajudar os pesquisadores a entender por que alguns embriões falham enquanto outros se desenvolvem em uma gravidez saudável. Além disso, as descobertas podem ser usadas para orientar o reparo e o desenvolvimento de órgãos humanos sintéticos para transplante.
“É simplesmente inacreditável que chegamos tão longe. Este tem sido o sonho de nossa comunidade por anos e um foco importante de nosso trabalho por uma década, e finalmente conseguimos”, disse Zernicka-Goetz, em comunicado.