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VACINA

Cientistas insistem nas vacinas nasais contra Covid-19

Administrada mediante um aerossol, ou gotas, tem um interesse teórico: ao atuar diretamente sobre as vias respiratórias

Teste de CovidTeste de Covid - Foto: Pixabay

Apesar de alguns contratempos, as vacinas nasais contra a Covid-19 continuam sendo uma pista válida para os cientistas, que esperam alcançar com esse método uma proteção mais eficaz do que com uma injeção clássica.

Uma vacina desse tipo, administrada mediante um aerossol, ou gotas (como um soro fisiológico), tem um interesse teórico: ao atuar diretamente sobre as vias respiratórias, em particular as mucosas, impede de forma mais eficaz a entrada no corpo da infecção.

As vacinas atuais são muito eficazes contra as formas graves da doença, mas não conseguem impedir os contágios.

Em alguns países, essas vacinas nasais estão se tornando realidade. Duas delas acabam de ser aprovadas, na China e na Índia.

Mas essas autorizações foram outorgadas sem que os ensaios clínicos tenham demonstrado uma maior eficácia dessas vacinas contra o contágio.

Recentemente, no Reino Unido, pesquisadores da Universidade de Oxford que estudavam a possibilidade de administrar por via nasal a vacina da AstraZeneca anunciaram, no início do mês, o fracasso de um primeiro ensaio clínico.

Publicados na revista eBioMedicine, os resultados mostraram que as 30 pessoas que receberam a vacina nasal desenvolveram uma resposta imunológica inferior em comparação com a vacina clássica injetável.

Os cientistas insistem, porém, em que a pista merece ser explorada.

Vacinas vivas atenuadas
"Não devemos nos desencorajar" com esses resultados, diz o virologista Connor Bamford, da Universidade Queen's, de Belfast.

Embora os resultados iniciais sejam ruins, afirma esse especialista, representam a base para avançar, uma vez verificado o que não funcionou.

As vacinas nasais que já circulam - contra gripe, ou poliomielite - são "vivas", lembra o especialista, ou seja, usam uma versão atenuada do vírus para estimular o sistema imunológico.

Em vez disso, a vacina da AstraZeneca - desenvolvida com a Universidade de Oxford - funciona por meio de um "vetor viral", um vírus inofensivo diferente do coronavírus que carrega uma parte de seu RNA.

Os pesquisadores de Oxford evocam outra hipótese para o fracasso de seu fármaco: seu spray não penetra suficientemente no corpo, e sua eficácia melhoraria muito se atingisse os pulmões.

"É possível que esta vacina nasal seja simplesmente engolida e destruída no estômago, o que poderia ser evitado se atingisse diretamente os pulmões", explicou o pesquisador Sandy Douglas, que liderou os testes, em um comunicado.

Há um sinal positivo: não foram detectados efeitos colaterais graves, nem durante esse ensaio, nem após testes com as vacinas nasais chinesa e indiana.

Os promotores dessas vacinas nasais não estão apenas enfrentando desafios científicos. Em muitos países, especialmente os desenvolvidos, os lotes de vacinas não utilizados estão se acumulando.

É por isso que o projeto da empresa francesa de biotecnologia TheraVectys, em aliança com o Instituto Pasteur, lançado em 2020, não foi além de um teste em animais.

"Não despertamos o interesse de órgãos públicos, nem de grandes empresas farmacêuticas, para iniciar a fase de ensaios clínicos com humanos", explicou à AFP Pierre Charneau, diretor científico.

O interesse das vacinas nasais é interromper os contágios em massa, explica Martin Moore, diretor científico da empresa americana de biotecnologia Meissa.

"A única maneira de controlar este vírus é quebrar sua cadeia de transmissão (...). Com uma vacina nasal podemos conseguir isso", disse ele à AFP.

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