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SAÚDE

Tarde demais para parar? Estudo revela se largar cigarro após os 75 anos ainda traz benefícios

Mesmo para quem fumou a vida toda, deixar o tabagismo na velhice ainda acrescenta anos à expectativa de vida

Cigarro e cinzas Cigarro e cinzas  - Foto: André Nery/Arquivo Folha

São inúmeras as evidências que apontam os malefícios do tabagismo – e os benefícios de largar o cigarro. Quando se é jovem, especialmente, os efeitos positivos se acumulam no decorrer da vida. Mas existe um limite de idade em que se observam melhorias ao deixar o vício de lado? Um novo estudo conduzido por pesquisadores americanos foi em busca da resposta.

Publicado no periódico American Journal of Preventive Medicine, o trabalho de cientistas da Universidade de Michigan (UM) analisou dados de mortalidade e de adesão ao tabagismo disponíveis em bancos de dados públicos dos Estados Unidos. Os indivíduos acompanhados foram divididos entre os que nunca fumaram, os que eram tabagistas e os que deixaram o cigarro.

Em seguida, foi estimada a expectativa de vida de cada grupo e, entre os que eram ex-fumantes, a expectativa por ano de cessação, variando dos 35 a 75 anos. Os resultados mostraram que há de fato uma redução significativa da mortalidade precoce mesmo para aqueles que deixam de fumar apenas após os 75 anos – acrescentando quase um ano de vida.

"Vimos uma queda notável no tabagismo entre jovens adultos na última década. No entanto, as taxas entre os adultos mais velhos que fumam permaneceram estagnadas e, até onde sabemos, nenhuma pesquisa havia estabelecido os benefícios de parar de fumar para eles. Queríamos mostrar que parar de fumar é benéfico em qualquer idade e fornecer um incentivo para que as pessoas mais velhas que fumam parem”, explica o autor do trabalho Thuy Le, do Departamento de Gestão e Políticas de Saúde da Escola de Saúde Pública da UM.

Inicialmente, os pesquisadores observaram que, entre aqueles que fumavam desde o início da vida, aos 35 anos eles apresentavam uma redução de em média 9,1 anos na expectativa de vida se continuassem com o hábito até morrer. Aos 65 anos, por exemplo, ainda perdiam 5,9 anos do restante da vida e, aos 75, 4,4 anos.

Porém, os que deixaram de fumar aos 35 anos viram esse número cair para uma redução de apenas 1,1 ano, ou seja, eles recuperaram 8 anos que teriam perdido ao longo da vida caso continuassem a ser tabagistas. Esse benefício continuou visível mesmo para aqueles que só largaram o cigarro mais tarde na vida: quem parou de fumar aos 65 recuperou 1,7 ano de expectativa de vida e, aos 75, 0,7 ano – cerca de 8 meses e meio a mais.

Os dados mostram que quase 10% dos indivíduos que param de fumar aos 65 anos ganham pelo menos 8 anos de vida em comparação com aqueles que não param. Enquanto isso, 8% dos que param até os 75 anos ganham pelo menos 4 anos.

Kenneth Warner, pesquisador do mesmo departamento de Le e que também participou do estudo, destaca que, “embora os ganhos de parar de fumar em idades mais avançadas possam parecer baixos em valores absolutos, eles representam uma grande proporção da expectativa de vida restante de um indivíduo”.

Os responsáveis pela análise esperam que ela auxilie médicos a motivarem pacientes, especialmente os mais idosos, a deixarem o cigarro de lado. Nos Estados Unidos, são estimadas 480 mil vidas perdidas precocemente a cada ano relacionadas ao fumo. No Brasil, são 162 mil mortes atribuíveis ao tabaco anualmente.

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