Cinco anos após atentados, homenagens numa França em alerta máximo terrorista
Atentados cometidos no dia 13 de novembro de 2015 deixaram 130 mortos
Cinco anos depois e em pleno ressurgimento da ameaça terrorista, as autoridades francesas prestam homenagem, nesta sexta-feira (13), às vítimas dos atentados de 13 de novembro de 2015 que deixaram 130 mortos, os mais sangrentos cometidos no país.
Do assassinato do professor Samuel Paty, em 16 de outubro, ao ataque a uma basílica em Nice: a recente sucessão de atentados lembra que a onda extremista que atingiu a França há cinco anos não acabou, embora tenha mudado de forma.
Este ressurgimento da ameaça, recentemente elevada a seu nível máximo de alerta, deu a esta sexta-feira uma dimensão especial às tradicionais homenagens dos atentados de 13 de novembro de 2015 - cujo julgamento deverá começar em setembro de 2021 e durar seis meses.
Acompanhado pela prefeita de Paris, Anne Hidalgo, o primeiro-ministro Jean Castex visitou pela manhã a sala de espetáculos parisiense Le Bataclan, o Stade de France (ao norte da capital) e os cafés em Paris, alvos dos comandos que agiram guiados pelo grupo Estado Islâmico (EI) há cinco anos.
Em torno do Bataclan, ladeado por uma grande força policial, os nomes das vítimas ressoaram nas ruas esvaziadas pelo confinamento, onde apenas algumas pessoas foram rezar, observou um jornalista da AFP.
"Estar presente é minha maneira de dizer que não esquecemos delas, de todas as pessoas que partiram e de todas as que têm sequelas psicológicas, ou que ficaram incapacitadas para o resto da vida", explica Martine Laupin, 72 anos, moradora do bairro, bastante emocionada.
Autoridades de partidos também prestarão sua própria homenagem às vítimas, enquanto a Torre Eiffel será acesa a partir das 20h e brilhará a cada hora em memória desses ataques que causaram uma onda de choque global.
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"Guerra não terminou"
Hoje, as autoridades temem menos o ressurgimento de grandes ataques coordenados do que atos repentinos de indivíduos radicalizados, incentivados por grupos terroristas dizimados, mas ainda ativos.
"Eles ainda nos atingem, mas com indivíduos fanáticos que usam facas para criar medo. A guerra em nosso solo não acabou, portanto, mas muitas batalhas foram vencidas desde 2015", disse o ex-chefe de Estado François Hollande (2012-2017) ao jornal Le Parisien nesta sexta-feira.
Os recentes ataques (decapitação de Samuel Paty, ataques em frente às antigas instalações do Charlie Hebdo e em uma igreja em Nice) reavivaram a dolorosa memória de 13 de novembro.
"O que foi atacado foi o esporte, a alegria de estar juntos, a música no Bataclan e, recentemente, o que se ataca é outro símbolo da República: a escola; o que se ataca é outro símbolo da nossa liberdade de estarmos juntos, a liberdade religiosa, com o ataque em Nice", disse o ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves le Drian, que estava no comando da Defesa em 2015, à BFMTV.
"Tudo isto são os nossos valores que devemos proteger e que exigem de nós uma grande firmeza no que diz respeito ao terrorismo", acrescentou.
Recentemente, o Executivo lançou uma ofensiva contra o islamismo político e promete agir com mais firmeza contra os estrangeiros radicalizados.
De acordo com o ministro do Interior, 48 deles foram expulsos desde julho, dos 231 na mira das autoridades.
"Ainda há mais de uma centena de estrangeiros em situação irregular que suspeitamos de radicalização", em território nacional, declarou nesta sexta-feira ao jornal Franceinfo Gérald Darmanin, que deve apresentar em dezembro um polêmico projeto de lei contra o separatismo islâmico.
Pressionado pela direita e pela extrema direita a adotar leis emergenciais, o governo também tenta dar garantias sobre as pessoas radicalizadas em detenção, ou que serão em breve libertadas.
"Não há terrorista condenado (...) que sairá sem dupla vigilância. Vigilância judicial: juiz para aplicação de sentenças antiterrorismo; vigilância policial. Nenhum deles", proclamou o ministro da Justiça, Eric Dupond-Moretti, na LCI.