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Guerra na Ucrânia

Cinquenta civis são evacuados da siderúrgica Azovstal em Mariupol

Ucrânia têm acusado a Rússia de violação ao cessar-fogo que havia decretado para a retirada de civis

Cinquenta civis foram evacuados nesta sexta-feira (6) da  siderúrgica AzovstalCinquenta civis foram evacuados nesta sexta-feira (6) da siderúrgica Azovstal - Foto: Dimitar Dilkoff / AFP

Cinquenta civis ucranianos foram evacuados nesta sexta-feira (6) da siderúrgica Azovstal, último foco da resistência às tropas russas que ocupam Mariupol (sudeste), informou a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk.

"Hoje conseguimos evacuar de Azovstal 50 mulheres, crianças e idosos", destacou Vereshchuk no Telegram.

Segundo ela, no sábado será feita nova tentativa para retirar outros civis do local, que a ONU definiu como "inferno sombrio". 

A Rússia havia anunciado uma trégua de três dias, a partir de quinta-feira, para permitir a fuga dos civis presos no complexo industrial. No entanto, a funcionária acusa as forças russas de terem "violado constantemente" o cessar-fogo, razão pela qual "a evacuação foi extremamente lenta".

O regimento ucraniano Azov, que defende a gigantesca siderúrgica, acusou durante o dia as tropas russas de terem disparado um míssil antitanque contra um veículo durante o cessar-fogo, matando um soldado e ferindo outros seis.

As evacuações, que são realizadas sob o controle da ONU e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), foram iniciadas no fim de semana passado e permitiram retirar do local cerca de 500 civis, segundo a prefeitura de Mariupol.

No campo diplomático, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma declaração unânime na qual expressa "forte apoio" ao secretário-geral Antonio Guterres "em busca de uma solução pacífica" ao conflito.

Redigida por Noruega e México, a declaração indica que o "Conselho de Segurança manifesta sua profunda preocupação com a manutenção da paz e da segurança na Ucrânia".

Mariupol, "completamente destruída"
O controle de Mariupol permitirá à Rússia estabelecer uma conexão terrestre entre as regiões separatistas pró-russas do leste da Ucrânia e a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

Após mais de dois meses de cerco, as tropas russas controlam quase toda Mariupol, uma cidade às margens do Mar de Azov de quase 500.000 habitantes antes da guerra no sul do Donbass.

Sua captura total seria uma importante vitória para a Rússia antes de 9 de maio. Nesta data, comemora sua vitória sobre a Alemanha nazista em 1945, realizando um grande desfile militar na Praça Vermelha de Moscou.

Os separatistas do sudeste da Ucrânia informaram que placas em ucraniano e inglês foram substituídas em Mariupol por outras escritas em russo. 

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou que a cidade está "completamente destruída" pelos bombardeios russos e que não há mais nada o que tomar, salvo a siderúrgica.

Presença russa "para sempre" no sul da Ucrânia
As forças ucranianas informaram que as tropas russas praticamente cercaram Severodonetsk, a última posição de Kiev no leste, e estão tentando tomá-la de vários pontos. 

Um legislador da Câmara Alta do Parlamento russo visitou Kherson - até agora a única grande cidade da Ucrânia totalmente controlada pelas tropas russas - e disse hoje que a Rússia permanecerá "para sempre" no sul da Ucrânia.

"Não haverá retorno ao passado. Vamos viver juntos, desenvolver esta rica região, rica em patrimônio histórico, do povo que vive aqui", disse Andrei Turchak, primeiro-secretário do presidente do Conselho da Federação (Câmara Alta), citado em nota do partido do governo Rússia Unida.

Olga Babich, moradora de uma cidade do sudeste que fugiu para Zaporizhia (a 230 km de Mariupol), disse à AFP que bombardeios eram lançados todos os dias e que trouxe seus gatos com ela. 

"Eu não podia deixá-los. Eles são tão pequenos e são seres vivos", explicou. 

Nesta sexta-feira, Vereshchuk anunciou que 41 pessoas - incluindo 11 mulheres - foram libertadas em uma troca de prisioneiros com a Rússia.

Divisão sobre um embargo ao petróleo russo
Os países ocidentais continuam a aumentar sua pressão sobre a Rússia, que está sujeita a uma série de sanções sem precedentes.

No que seria sua medida mais severa até agora, a Comissão Europeia propôs que todos os 27 Estados-membros da UE proíbam gradualmente as importações de petróleo russo. 

O primeiro-ministro nacionalista húngaro, Viktor Orban, opôs-se firmemente a este embargo e acusou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de "atacar" a unidade do bloco. 

A Hungria é totalmente dependente do petróleo russo, e um embargo seria equivalente a "uma bomba nuclear em sua economia", alegou Orban.

Além do impacto no mercado energético, a guerra e as sanções refletiram nos preços dos alimentos, já que tanto Ucrânia como Rússia são importantes produtores de grãos. 

Os agricultores ucranianos arriscam suas vidas para trabalhar em plantações tomadas por explosivos.

"Todos os dias, desde o início da guerra, encontramos e destruímos munições", explicou à AFP Dmitro Polishcuk, um dos soldados da localidade de Grygorivka.

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