Civis ucranianos treinam com exército em região antes ocupada pelos russos
Voluntários participam de exercícios militares em uma floresta antes invadida pelo exército russo
Dezenas de civis ucranianos treinaram, nesta sexta-feira (17), com o exército nacional em uma região antes ocupada pelas forças russas em Bucha, uma cidade a noroeste de Kiev que se transformou em símbolo das atrocidades atribuídas às tropas de Moscou.
Os voluntários, vestidos com roupa de cor cáqui e fuzil em mãos, participaram de exercícios militares em uma floresta invadida pelo exército russo no início da guerra.
No local, ainda podem ser observados os vestígios deixados pelas tropas de Moscou na região, que está cheia de montes de terra, abrigos e grandes trincheiras.
"Os russos cavaram estas trincheiras, 7.000 grandes buracos para os tanques, os blindados, os caminhões-tanque, é muita coisa, eles estavam se preparando para ficar por muito tempo", disse à AFP Valentyn Kalashnyk, chefe do centro de imprensa das forças de defesa territorial do exército ucraniano.
As tropas russas invadiram Bucha em 27 de fevereiro, três dias depois do início de sua ofensiva na Ucrânia.
No início de abril, as forças de Moscou se retiraram da localidade, onde foram encontrados centenas de corpos de civis, alguns com as mãos amarradas às costas.
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O sargento Ticha, que prefere não revelar seu nome verdadeiro, explicou à AFP que os exercícios das unidades de defesa territorial de Bucha pretendem preparar melhor os moradores em caso de uma nova ofensiva.
"Se os 'orcs' [apelido dado aos soldados russos na Ucrânia] voltarem, Deus me livre, podemos enfrentá-los, mas não como na primeira vez. Não estávamos preparados para isso", afirmou.
"A maioria dos que estão aqui não são militares, são simplesmente civis que querem defender o país. Cinquenta por cento deles nunca tiveram uma arma nas mãos até agora", explicou.
"Ensinamos a eles o que sabemos, mais aquilo que aprendemos com os instrutores enviados pela Otan", acrescentou.
"Aqui há exercícios o tempo todo", afirmou Kalachnyk, ao assinalar que há muitos voluntários e que, por isso, "sempre há filas nos escritórios de registro para alistamento no exército".