Cleptomaníacos exibem padrões distintos de olhar e atividade cerebral, descobre estudo
Alterações no córtex pré-frontal são semelhantes a outros quadros de dependência, afirmam pesquisadores
Pessoas cleptomaníacas, que sofrem de um transtorno caracterizado pelo impulso patológico em roubar pelo ato em si, e não por ganhos materiais, apresentam padrões distintos de olhar e de atividade cerebral, descobriram pesquisadores da Universidade de Kyoto, no Japão.
No novo estudo, publicado no periódico International Journal of Neuropsychopharmacology, os cientistas analisaram 38 participantes, 11 pacientes com o transtorno e 27 adultos saudáveis para comparação. Durante o experimento foram exibidas imagens e vídeos, algumas delas com algo chamado de “pistas ambientais” ligadas à cleptomania, como propagandas e fotos de lojas.
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Simultaneamente, os pesquisadores utilizaram uma tecnologia que monitora os movimentos dos olhos dos voluntários e um equipamento chamado Espectroscopia Funcional em Infravermelho Próximo (fNIRS, da sigla em inglês) que consegue, de forma não invasiva, detectar alterações na hemoglobina no córtex pré-frontal.
Após analisar os resultados dos exames em relação às diferentes imagens e vídeos, e comparar os de ambos os grupos que fizeram parte do estudo, os cientistas observaram as mudanças nos olhares e uma atividade comprometida no córtex pré-frontal direito de pacientes com cleptomania durante a exibição das “pistas ambientais”.
Yukiori Goto, principal autor do estudo e pesquisador da universidade, afirma que os resultados se correlacionam a mudanças observadas em indivíduos com outros quadros de dependência, como o alcoolismo. O córtex pré-frontal é a região do cérebro responsável pela tomada de decisões e modulação de comportamento social.
Embora o tamanho da amostra tenha sido pequeno e ainda preliminar, nosso estudo relata pela primeira vez que a cleptomania também pode envolver os mecanismos que podem ser semelhantes, se não idênticos, aos relacionados ao vício em drogas. Nosso estudo pode levar ao desenvolvimento de tratamentos terapêuticos não apenas para dependência de drogas, mas também para distúrbios de controle de impulsos, como a cleptomania, diz em comunicado.