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Religião

CNBB cobra Bolsonaro e vê pandemia agravada por denúncias de prevaricação e corrupção

O documento, divulgado nesta sexta (9), é assinado por dom Walmor Oliveira de Azevedo e a cúpula da entidade católica

Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de AzevedoPresidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo - Foto: Reprodução/TV Globo

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) subiu o tom contra o governo Jair Bolsonaro, com um comunicado em que cobra investigações por denúncias de prevaricação e corrupção sobre negócios suspeitos para comprar vacinas contra a Covid-19.
 
Embora não cite o nome do presidente, o alvo é claro. O documento, divulgado nesta sexta (9) e assinado por dom Walmor Oliveira de Azevedo e a cúpula da entidade católica, diz que a "trágica perda de mais de meio milhão de vidas está agravada pelas denúncias de prevaricação e corrupção no enfrentamento da pandemia".
 
Também resgata mensagem da Assembleia-Geral da CNBB de 2018, realizada antes de Bolsonaro ser eleito: "Ao abdicarem da ética e da busca do bem comum, muitos agentes públicos e privados tornaram-se protagonistas de um cenário desolador, no qual a corrupção ganha destaque".
 
Em alusão à CPI da Covid, que investiga possíveis crimes cometidos pela administração bolsonarista nesta crise sanitária, os bispos cobram apuração dos casos sob suspeita.
 
"Apoiamos e conclamamos às instituições da República para que, sob o olhar da sociedade civil, sem se esquivar, efetivem procedimentos em favor da apuração, irrestrita e imparcial, de todas as denúncias, com consequências para quem quer que seja, em vista de imediata correção política e social dos descompassos."
 
As suspeitas em torno de negociações para a compra de vacinas contra a Covid-19 colocaram o governo Bolsonaro sob pressão nas últimas semanas.
 
Na última quarta-feira (7), o presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM), determinou a prisão do ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, exonerado do cargo na semana passada após denúncia de pedido de propina revelada pela Folha.


O vendedor de uma empresa americana denunciou um pedido de propina de Dias de US$ 1 por dose em relação a negócio que envolveria a vacina da AstraZeneca.
 
Um contrato de R$ 1,6 bilhão assinado pelo Ministério da Saúde para comprar doses da vacina Covaxin, por meio da Precisa Medicamentos, também passou a ser investigado pela CPI. Integrantes da comissão querem ainda apurar uma negociação envolvendo a vacina chinesa Convidecia e o Ministério da Saúde.
 
Outras bordoadas desferidas pela CNBB no atual governo fizeram a entidade entrar na mira de próceres bolsonaristas, que tentam rotulá-la de comunistas.
 
Em dezembro de 2020, quando o Brasil se avizinhava das 200 mil mortes, dom Walmor disse à Folha de S.Paulo que o "coro dos lúcidos" é o antídoto contra "desgovernos e politização abomináveis".
 
Sobre a atuação do governo na pandemia, ele lamentou que "medidas adotadas pelas instâncias governamentais ignoraram as preciosas contribuições do campo científico".
 
Soube-se só depois que a gestão bolsonarista recusara repetidamente ofertas para adquirir doses do imunizante da Pfizer, além de resistir às negociações tocadas pelo governador João Doria (PSDB-SP) para arrematar a Coronavac.
 
As acusações de propina para comprar fármacos da AstraZeneca vieram depois, assim como suspeitas sobre um contrato para obter a indiana Covaxin.
 
Em sua carta mais recente, a CNBB afirma que "a sociedade democrática brasileira está atravessando um dos períodos mais desafiadores da sua história", um momento que "exige de todos coragem, sensatez e pronta correção de rumos".
 
Segundo os bispos, "levantar a voz" é mais uma vez necessário "para defender vidas ameaçadas, direitos desrespeitados e para apoiar a restauração da justiça, fazendo valer a verdade".

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