Picadas de cobra: OMS alerta para escassez de antídotos e Ministério da Saúde recomenda cuidado
Apenas em 2023, o Brasil registrou mais de 300 mil casos de acidentes envolvendo animais peçonhentos
Apenas em 2023, o Brasil registrou mais de 300 mil casos de acidentes envolvendo animais peçonhentos, marcando um notável aumento em comparação com o ano anterior (293.702 casos).
Dentre esses eventos, 9,5 % foram causados por serpentes.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou recentemente que há uma escassez mundial de antídoto contra picadas de cobra devido a problemas climáticos em vários países.
Como as grandes inundações que estão ocorrendo no Paquistão, Mianmar, Bangladesh, Sudão do Sul e outros países que foram seguidas por um aumento nos casos de picadas de cobra.
Mundialmente, entre 4,5 e 5,4 milhões de pessoas são vítimas de acidentes ofídicos anualmente.
Destes, entre 1,8 e 2,7 milhões desenvolvem sinais clínicos de envenenamento, e aproximadamente 100 mil pessoas evoluem para óbito, sobretudo no norte da África, Oriente Médio e sul e sudeste da Ásia.
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Tais acidentes também podem deixar sequelas por deficiência física e psicológica e acarretam anualmente cerca de 400 mil amputações e outras deficiências permanentes.
A Índia é o país mais afetado do mundo, com cerca de 58.000 pessoas morrendo devido a picadas de cobra todos os anos, enquanto seus vizinhos Bangladesh e Paquistão também são duramente atingidos.
No Brasil, soros antivenenos para a picada de animais peçonhentos são produzidos pelo Instituto Butantan e distribuídos, exclusivamente, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
São encaminhados cerca de 450 mil frascos anualmente ao Ministério de Saúde que repasse aos estados após avaliação epidemiológica.
Segundo a pasta, o instituto produz 8 tipos de soros contra picadas de cobras, escorpiões e lagartas, além de soros para tratamento do botulismo, raiva, tétano e difteria, totalizando 12 tipos diferentes.
Cuidados
O órgão afirma que em casos de acidente, a vítima precisa lavar a região da picada com água e sabão, manter o local em posição confortável e ser atendido imediatamente por um médico.
As pessoas não devem aplicar qualquer tipo de substância (álcool, borra de café, vinagre, urina etc.) ou fazer torniquete no local da picada.
Medidas de prevenção
Mais de 95% dos acidentes ofídicos ocorrem nas pernas ou nos braços. Por isso, algumas medidas simples de prevenção devem ser adotadas:
Utilizar calçados fechados, perneiras ou botas de cano alto durante trilhas em matas e atividades rurais;
Ficar atento onde pisar ou colocar as mãos para se apoiar;
Não mexer em buracos no chão ou em ocos de árvores sem proteção.
Sintomas
O Ministério da saúde disponibilizou também os principais sintomas de picadas de diferentes tipos de cobra.
Dependendo do tipo de serpente os sinais e sintomas podem variar. Confira:
Jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, comboia e cruzeira
A região da picada apresenta dor e inchaço;
Às vezes com manchas arroxeadas (edemas e equimose) e sangramento pelos pontos da picada, em gengivas, pele e urina;
Pode haver complicações, como grave hemorragia em regiões vitais, infecção e necrose na região da picada, além de insuficiência renal.
Cascavel, boicininga, marabóia, maracaboia e maracá
O local da picada muitas vezes não apresenta dor ou lesão evidente, apenas uma sensação de formigamento;
Pode ocorrer dificuldade de manter os olhos abertos, com aspecto sonolento
Visão turva ou dupla;
Mal-estar;
Náuseas;
Cefaleia;
Dores musculares generalizadas e urina escura nos casos mais graves.
Surucucu-pico-de-jaca
Quadro semelhante ao acidente por jararaca;
A picada pela surucucu-pico-de-jaca pode ainda causar dor abdominal, vômitos, diarreia, bradicardia e hipotensão.
Coral-verdadeira
As manifestações do envenenamento caracterizam-se por dor de intensidade variável, visão borrada ou dupla, pálpebras caídas e aspecto sonolento;
Óbitos estão relacionados à paralisia dos músculos respiratórios, muitas vezes decorrentes da demora na busca por socorro médico.