Colômbia anuncia plano conjunto com Venezuela para diminuir violência na fronteira
A região fronteiriça de Catatumbo está sob o controle sangrento dos guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional há uma semana
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou nesta quinta-feira (23) “um plano de ação” coordenado com o governo de Nicolás Maduro para acalmar a violência na fronteira com a Venezuela, que já deixou mais de 80 mortos e 36 mil desabrigados.
“Está sendo elaborado um plano de ação conjunto que busca fechar todo o espaço para os donos do tráfico de drogas na fronteira. Haverá uma reunião dos dois ministros da defesa para esse fim”, disse o líder esquerdista em sua conta na rede X.
A região fronteiriça de Catatumbo está sob o controle sangrento dos guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN, guevarista) há uma semana. Eles atacam civis e lutam contra rebeldes dissidentes das extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, marxistas).
Leia também
• Narcotráfico, guerrilhas e grupos paramilitares: o explosivo coquetel de violência na Colômbia
• Colômbia anuncia 'operações ofensivas' em região afetada por ataques do ELN
• Colômbia afirma que ELN pretendia "se apoderar" da fronteira com a Venezuela
De acordo com Petro, durante sua visita de seis horas ao Haiti, ele conversou com “Maduro para bloquear as travessias ilegais, especialmente no rio Catatumbo, e tomar medidas com voos de ambos os lados”.
Devido ao ataque, Petro suspendeu as negociações de paz com o ELN e anunciou que o país entraria em um “estado de comoção interna”.
Catatumbo “é uma importante rota de tráfico de cocaína para a vizinha Venezuela, um país que há muito tempo é um santuário para os rebeldes colombianos”, de acordo com a ONG Insight Crime.
Alguns municípios da Colômbia estão se transformando em enormes acampamentos para pessoas deslocadas, que chegam às centenas todos os dias. Algumas fogem para a Venezuela, onde há 1.580 “refugiados” colombianos, de acordo com Petro.
As forças militares se concentraram no resgate de moradores em áreas críticas, mas ainda não entraram para forçar os rebeldes a se retirarem.
O Ministério do Interior disse na quarta-feira que “partirá para a ofensiva”.
Petro está comprometido em manter um relacionamento cordial com a Venezuela, que compartilha uma fronteira porosa e conflituosa de 2.200 quilômetros com a Colômbia.
No entanto, ele tem se distanciado de Maduro, descartou a possibilidade de comparecer à sua posse e criticou várias das prisões feitas na Venezuela após as eleições de 2024, que a oposição venezuelana alega terem sido fraudulentas.
“As ações do ELN não se devem apenas ao conflito armado interno. É uma estratégia mortal que põe em risco a soberania nacional”, disse Petro na quarta-feira, sem dar detalhes.
“O poder atual do ELN não é alcançado internamente”, acrescentou.