Colômbia elege presidente entre duas opções radicais e incertas de mudança
Cerca de 39 milhões de colombianos são chamados voluntariamente às urnas
Os colombianos começaram a votar, neste domingo (19), para eleger um presidente entre o esquerdista Gustavo Petro e o independente Rodolfo Hernández, dois candidatos com propostas radicais de mudança para um país em crise.
A votação começou às 13h00 GMT (10h em Brasília) com o voto do presidente Iván Duque, impedido por lei de concorrer à reeleição. O presidente votou na central Plaza de Bolívar, em Bogotá.
Hernández, que denunciou um plano para assassiná-lo após o primeiro turno, votou com a proteção de várias escoltas na cidade de Bucaramanga, da qual foi prefeito.
Cerca de 39 milhões de colombianos são chamados voluntariamente às urnas até as 21h00 GMT (18h em Brasília).
Até uma semana atrás, as pesquisas mostravam um empate técnico, então um resultado muito acirrado poderia alimentar suspeitas de fraude - que Petro tem denunciado insistentemente - e desencadear protestos.
"Os números que nos colocam muito perto do outro candidato. (...) A única coisa que nos falta enfrentar é a fraude", lançou Petro no Twitter no início do dia.
O escrivão nacional, Alexandre Vega, defendeu a tarefa da autoridade eleitoral que chefia: "Apesar da desinformação (...) o processo eleitoral continua firme e forte", disse em discurso público com Duque.
O senador e ex-guerrilheiro Petro, de 62 anos, venceu o primeiro turno com 40% dos votos contra 28% de Hernández (77), mas sua vantagem foi quebrada após o jogo de alianças e uma campanha bastante agressiva, com vazamentos e golpes baixos dos dois lados.
Os eleitores puniram as forças que historicamente governaram e escolherão entre duas alternativas incertas que despertam medo em diferentes setores.
Se Petro vencer, a esquerda chegará ao poder pela primeira vez e se a vitória for para Hernandez, um milionário sem partido e enrolado com a justiça estará à frente do país.
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Cardápio de problemas
Hernández se apresentou na disputa como um outsider rico e uma mensagem anticorrupção e de austeridade.
“Vou reduzir o tamanho do Estado, acabar com a corrupção e substituir por funcionários eficientes e não corruptos aqueles que foram colocados em governos anteriores e que são marcados pela incapacidade”, diz.
Ambos têm experiência como prefeitos. Petro governou Bogotá (2012-2015) e Hernández Bucaramanga (2016-2019), uma cidade de cerca de 600.000 habitantes. O primeiro é um economista que quer que os ricos paguem mais impostos e o outro um engenheiro que pretende reduzir o IVA de 19% para 10%.
Eles concordam que vão restabelecer as relações com a Venezuela, apoiar o acordo de paz de 2016 com as extintas Farc e buscar o diálogo com o Exército de Libertação Nacional, o último grupo guerrilheiro reconhecido no país.
Ambos os candidatos presidenciais escolheram mulheres afrodescendentes para a vice-presidência. A ambientalista Francia Márquez faz chapa com Petro e a acadêmica Marelen Castillo, com Hernández.