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Colombianos deportados pelos EUA chegam a Bogotá após crise com Trump

Imagens divulgadas pelo governo colombiano mostram deportados sem o uso de qualquer tipo de algema

Migrantes descendo de um avião da Força Aérea Colombiana após serem deportados dos EUA em BogotáMigrantes descendo de um avião da Força Aérea Colombiana após serem deportados dos EUA em Bogotá - Foto: Handout / Ministério das Relações Exteriores da Colômbia / AFP

Dois aviões da Força Aérea da Colômbia pousaram em Bogotá, nesta terça-feira (28), com quase 200 migrantes deportados pelos Estados Unidos, após as tensões diplomáticas com o governo de Donald Trump, confirmou o presidente Gustavo Petro.

"São colombianos, são livres e dignos e estão em sua pátria, onde são amados. O migrante não é um delinquente, é um ser humano que quer trabalhar e progredir, viver a vida", afirmou na rede social X o presidente, que exigiu de Trump condições "dignas", como não algemar os deportados.

"Chegamos bem, graças a Deus. Entrei nos Estados Unidos como imigrante e em nenhum momento saí dos abrigos", disse uma das deportadas à rádio Caracol, no aeroporto El Dorado, em Bogotá.

"Não somos criminosos", acrescentou a mulher que, sem revelar seu nome, contou sua jornada para chegar aos Estados Unidos pela fronteira com o México e como foi detida devido à sua situação migratória irregular.

Imagens divulgadas pelo governo colombiano mostram deportados — incluindo vários menores — descendo as escadas dos aviões. Muitos deles usavam máscaras, mas nenhum deles usava qualquer tipo de algema.

Petro, o primeiro presidente de esquerda na história da Colômbia, se recusou no domingo a permitir a entrada de voos militares dos Estados Unidos com os deportados, alegando preocupações sobre as condições de sua transferência, o que desencadeou uma breve crise diplomática com ameaças tarifárias mútuas.

Após horas de tensão, Bogotá aceitou os termos das políticas do presidente republicano e pôs fim a uma disputa que havia se intensificado.

Após o incidente ser declarado encerrado, aviões da Força Aérea colombiana decolaram de Bogotá na segunda-feira com destino às cidades americanas de San Diego e Houston, de acordo com a Força Aeroespacial.

Neste contexto de deportações de migrantes, o governo brasileiro convocou, na segunda-feira, o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para pedir explicações sobre o tratamento "degradante" dado aos deportados que chegaram ao território brasileiro na sexta-feira.

"Criminosos de alto nível" 
"Entendo que entramos de maneira ilegal nos Estados Unidos. Mas o tratamento foi um tanto precário. Levaram nossos pertences", explicou à imprensa Daniel, outro migrante que estava a bordo de um dos primeiros voos rejeitados.

"Inicialmente, nós viríamos de San Diego em um voo da Força Aérea americana. Estávamos algemados e com correntes nos quadris, como se fôssemos extraditados ou criminosos de alto nível. E como é que, sendo colombianos, eles não nos deixam pousar na Colômbia?", denunciou.

Em resposta à chegada dos deportados, o governo colombiano também anunciou um "plano de crédito acessível para apoiar sua reintegração produtiva", sem especificar se mais voos chegarão e sob quais acordos.

"Estruturamos um plano de crédito produtivo, associativo e barato para migrantes", acrescentou Petro na rede X.

Crise diplomática 
O incidente diplomático do fim de semana é o primeiro confronto de Petro com Trump, que assumiu o cargo em 20 de janeiro com promessas de uma abordagem mais rígida contra a migração irregular.

O republicano reivindicou a vitória na segunda-feira, dizendo aos congressistas republicanos em Miami que "os Estados Unidos são respeitados novamente".

"Como vocês viram ontem, deixamos claro para todos os países (...) que vamos expulsar os criminosos (...), os estrangeiros ilegais vindos de seus países", disse ele.

Em meio à crise, Trump anunciou altas tarifas sobre importações da Colômbia e a embaixada dos EUA em Bogotá suspendeu a emissão de vistos. Em retaliação, Petro adotou medidas semelhantes.

Os Estados Unidos são o principal parceiro comercial da Colômbia e suas forças militares cooperam há décadas na luta contra guerrilhas e cartéis de drogas.

As ameaças de Trump de deportar centenas de pessoas o colocaram em desacordo com os governos da América Latina, de onde se estima que venha a maioria dos 11 milhões de imigrantes em situação irregular nos Estados Unidos.

A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, comemorou o fato de Bogotá e Washington terem chegado a um acordo e evitado a aplicação de tarifas.

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