Colonos israelenses usam pastos para ocupar terras na Cisjordânia
O território vive um surto de violência que foi intensificado após o dia 7 de outubro de 2023, quando comandos do movimento islamista Hamas se infiltraram no sul de Israel a partir de Gaza
Agricultores palestinos da Cisjordânia afirmam que se sentem impotentes com pastores colonos armados, que levam seus rebanhos para este território ocupado por Israel e estabelecem pontos ilegais de pastoreio.
Formados por estruturas muitas vezes precárias, estes postos são ilegais segundo a legislação israelense, e as autoridades os desmantelam regularmente, porém não impedem os pastores de voltar e reconstruí-los.
Na aldeia de Deir Jarir, Haidar Abu Makho, de 50 anos, observa com tristeza as ovelhas dos colonos pastando em uma colina na região de Ramallah.
Esta terra "pertence a meu avô e meu pai e supostamente deveria ser passada de geração para geração", explica.
Mas "este pastor, que é um colono (...) me impediu de acessar minha terra", acrescentou.
Três milhões de palestinos vivem na Cisjordânia, um território ocupado por Israel desde 1967, e cerca de 490.000 israelenses se estabeleceram em locais considerados ilegais pelo direito internacional.
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O território vive um surto de violência que foi intensificado após o dia 7 de outubro de 2023, quando comandos do movimento islamista Hamas se infiltraram no sul de Israel a partir de Gaza, e mataram 1.170 pessoas, em sua maioria civis, segundo balanço da AFP baseado em dados israelenses.
A ofensiva lançada por Israel em resposta ao ataque deixou até o momento 34.622 mortos em Gaza, em sua maioria civis, segundo o Ministério de Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007.
As forças israelenses realizam incursões quase diárias na Cisjordânia ocupada, alegando querer combater os grupos armados palestinos. A zona é palco de ataques de palestinos contra alvos israelenses, e também sofre com a violência cometida por colonos israelenses contra os palestinos.
- "Extremistas" -
Grupos de direitos humanos culpam os colonos religiosos e nacionalistas pelo crescimento dos ataques e da apropriação de terras palestinas.
Entre os mais radicais estão os "jovens dos montes", muitas vezes adolescentes que abandonaram a escola e sonham em colonizar toda a Cisjordânia, que consideram parte da terra bíblica de Israel.
Segundo o analista israelense Elhanan Miller, estes pastores são "extremistas de direita que ocupam ilegalmente as terras palestinas", principalmente no sul da Cisjordânia e no vale do Jordão.
Miller explica para a AFP que muitos deles são jovens "marginalizados" que abandonaram a escola cedo e criam ovelhas e cabras para tomar posse da terra e dos recursos naturais.
As ONGs denunciam que os colonos instalados nos postos de pastoreio estão armados e têm utilizado cães de caça e drones para ameaçar e agredir palestinos, matando às vezes seu gado e destruindo seus bens.
Os colonos têm sido particularmente ativos próximo de Deir Jarir, um povoado de cerca de 5.000 habitantes, segundo os moradores da região.