Com 16 anos, patinador morto em acidente aéreo nos EUA realizou salto desafiador horas antes do voo
Cory Haynos estava entre as várias estrelas da patinação artística que morreram no voo da American Airlines; seus pais também estavam a bordo, dizem familiares
A viagem para o acampamento de desenvolvimento da federação de Patinação Artística dos EUA em Wichita, no Kansas, começou como o sonho de um jovem patinador, e Cory Haynos, um adolescente da Virgínia do Norte, estava lá para deixar sua marca.
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Quando a maioria dos 150 patinadores promissores convidados jpa havia partido, e apenas os melhores do grupo — cerca de 40 a 45 atletas — permaneceram para uma sessão especial de treinamento, ele se lançou no ar, deu três piruetas e meia e aterrizou.
Ele acabara de realizar um Triple Axel, um dos saltos mais difíceis da patinação.
Haynos conseguiu seu primeiro salto aos 16 anos de idade, em dezembro, mas dessa vez os técnicos do acampamento, que estavam lá para observar e estimular os futuros campeões de elite do país, o viram. Um feito significativo para quem idealizava uma vida no esporte, horas antes do embarque que o vitimou.
Seus pais, Stephanie e Roger, também estavam a bordo do voo, disseram familiares em entrevistas e publicações.
Todos os 67 ocupantes das duas aeronaves envolvidas no acidente ocorrido na noite de quarta-feira em Washington (madrugada de quinta-feira em Brasília) estão mortos, e as equipes de resgate agora conduzem uma operação de recuperação dos corpos, declarou à rede americana CNN o chefe do Corpo de Bombeiros e Serviços Médicos de Washington, John Donnelly.
O avião da American Airlines, que transportava 64 pessoas (60 passageiros e quatro tripulantes), vinha de Wichita, Kansas, e tentava pousar no Aeroporto Nacional Reagan, em Washington, nos Estados Unidos, quando colidiu no ar com um helicóptero Black Hawk que transportava três soldados, nenhum de alta patente.
Após a colisão, as aeronaves caíram no Rio Potomac, próximo ao aeroporto que o avião comercial tinha como destino.
Veja, abaixo, o que se sabe até aqui sobre as vítimas:
Apesar de as autoridades ainda não terem divulgado uma lista das vítimas, familiares e amigos começaram a confirmar algumas das mortes na quinta-feira em entrevistas e publicações nas redes sociais.
Além dos grupos de patinadores e seus familiares, já foram confirmadas a identidade da tripulação e de um grupo de amigos que estavam em uma viagem de caça a patos.
Tripulação da American Airlines
A tripulação do voo 5342 da American Airlines era composta por quatro pessoas. Os parentes confirmaram quem eram três deles: o piloto Jonathan J. Campos, 34 anos, o copiloto Sam Lilley, 28 anos, e a comissária de bordo Danasia Brown Elder.
Amigos de caça
Pelo menos sete amigos estavam voando de volta para o Leste depois de uma viagem para caçar patos na floresta do Kansas. Entre eles estavam Michael Stovall, 40 anos, e Jesse Pitcher, segundo familiares.
Patinadores
O Skating Club of Boston disse que seis pessoas ligadas ao clube foram mortas: Jinna Han, uma patinadora, e sua mãe, Jin Han; Spencer Lane, um patinador, e sua mãe, Christine; Yevgeniya Shishkova, 52 anos, e Vadim Naumov, 55 anos, dois treinadores que também eram campeões de patinação da Rússia. Cory Haynos, o jovem patinador prodígio, também era integrante do clube.
Nascidos em Leningrado, Evgenia Shishkova e Vadim Naumov eram figuras celebradas na patinação artística em duplas, representando a União Soviética e, mais tarde, a Rússia. Ambos tornaram-se conhecidos após conquistarem o Campeonato Mundial em 1994. Quatro anos mais tarde, mudaram-se para os EUA, onde passaram a atuar como treinadores.
Contexto: Patinadores artísticos dos EUA e da Rússia estão entre as vítimas de acidente aéreo em Washington
O filho do casal, Maxim Naumov, de 23 anos, não estava viajando com os pais, apesar de ter competido no Campeonato Nacional de Patinação Artística em Kansas City, publicou o Daily Mail.
Maxim, que terminou em quarto lugar na competição em Wichita, havia deixado Kansas na segunda-feira junto do patinador americano Anton Spiridonov.
Inna Volyanskaya, 59, uma ex-patinadora que competiu pela União Soviética antes de 1991, também foi mencionada entre os passageiros do avião, segundo a agência de notícias russa TASS. De acordo com o site do clube, ela era treinadora no Washington Figure Skating Club.
O jornal russo Mash divulgou uma lista com nomes de 13 patinadores que estavam no avião, todos filhos de imigrantes russos.
Outras fontes oficiais, porém, ainda não confirmaram ou divulgaram nomes de vítimas adicionais. A operação de resgate segue em andamento.
Organizações lamentam
Embora ainda não se saiba a identidade de todas as vítimas, a organização U.S. Figure Skating, órgão regulador da patinação artística nos EUA, afirmou que “vários membros” da comunidade da patinação, incluindo patinadores artísticos e treinadores, estavam no voo.
Em comunicado, o órgão disse que “atletas e familiares” estavam retornando para casa após o National Development Camp, realizado em Wichita.
“Estamos devastados por essa tragédia indescritível e mantemos as famílias das vítimas em nossos corações. Continuaremos acompanhando a situação e divulgaremos mais informações assim que estiverem disponíveis.”, escreveu a organização em nota. Os dois teriam sido os primeiros a serem identificados após o acidente.
À agência Reuters, uma fonte disse que até 15 pessoas no voo comercial poderiam estar envolvidas com a patinação artística. A mídia estatal da Rússia, por sua vez, informou que a treinadora e ex-campeã mundial russa Evgenia Shishkova e seu marido estavam entre os passageiros do avião.
A Federação Russa de Patinação Artística e o Kremlin expressaram suas condolências àqueles que perderam entes queridos na colisão.
— Havia outros de nossos concidadãos a bordo. São más notícias hoje de Washington. Lamentamos e enviamos nossas condolências às famílias e amigos — disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres.