Com alta nos casos de dengue, Prefeitura do Recife lança projeto para monitorar pacientes infectados
Mais de 200 casos prováveis já foram registrados entre o final de dezembro e começo de fevereiro
O aumento dos casos de dengue em Pernambuco e, especialmente no Recife, despertou o alerta das autoridades e da população para o cuidado com o contágio e prevenção da doença.
Dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), divulgados na quarta-feira (28), comprovam que, entre o último dia de 2023 e 24 de fevereiro deste ano, a evolução de casos prováveis - confirmados ou em investigação - aumentou 201% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Na capital, a Secretaria de Saúde do Recife (Sesau) analisou o período entre 31 de dezembro e 17 de fevereiro deste ano. No total, foram notificados 245 casos prováveis. O número representa um aumento de 85% em comparação com a mesma análise feita no ano passado.
É com o objetivo de evitar a evolução do quadro para casos mais graves, ou até mesmo o óbito, que a Prefeitura vai lançar, no dia 11 de março, o projeto “Atende em Casa”. A proposta faz parte de um conjunto de medidas que devem priorizar o controle e a prevenção das arboviroses na cidade.
Segundo Luciana Albuquerque, secretária de saúde do Recife, a ideia é manter contato direto com pacientes diagnosticados para que um profissional de saúde qualificado possa acompanhar a evolução dos sintomas.
“O paciente que procurar a unidade de saúde será notificado. A partir disso, o ‘Atende em Casa’ entra em contato por telefone para saber como está a evolução do quadro. Então, diante de um sinal de alarme, o profissional vai orientar para que essa pessoa busque uma emergência, evitando o agravamento da doença”
Para a secretária, o crescimento dos números ainda não representa um caso de epidemia na capital, que também não decretou estado de emergência.
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Capacitação
Também na quarta-feira, mais de 300 profissionais da rede municipal de saúde participaram de uma tarde de capacitação, promovida pela Sesau, para a melhoria na assistência de pacientes acometidos com arboviroses (dengue, zika, chikungunya e febre amarela).
As palestras educativas aconteceram no auditório da Unit Recife, na Zona Sul, e foram ministradas pelos infectologistas Demetrius Montenegro e Regina Coeli.
“Esse é um momento que a gente chama todos os nossos profissionais para fazer uma atualização sobre o manejo desses casos. Assim, em qualquer ponto da rede que o paciente chegue, ele vai ser orientado corretamente para que o caso não se agrave”, destaca Luciana Albuquerque.
Arboviroses
Ainda que a atenção redobrada dos órgãos públicos de saúde esteja voltada para os casos de dengue, os vírus da zika e chikungunya também preocupam especialistas.
O informe epidemiológico da SES destacou 606 casos prováveis de chikungunya no Recife e 47 casos prováveis da zika em Pernambuco.
O infectologista Demetrius Montenegro explica que pode ser difícil fazer a distinção dos quadros sintomáticos. Casos de fácil distinção acontecem apenas quando a chikungunya provoca dores intensas nas articulações do paciente ou quando existe um quadro grave de febre, característica marcante da dengue.
“A conduta de orientação quanto ao tratamento é pensando sempre na dengue que, das três, é o vírus que pode evoluir para uma questão de uma gravidade maior”, esclarece.