estudante baleado

Com detetive de férias, investigação de suspeitos que balearam brasileiro nos EUA é interrompida

E-mail ao qual o GLOBO teve acesso mostra que polícia americana não avançou em apuração para deter integrantes de gangue após quase três meses do crime em Chicago

João Pedro Marchezani, de 23 anos, foi baleado na cabeça em Chicago, nos Estados UnidosJoão Pedro Marchezani, de 23 anos, foi baleado na cabeça em Chicago, nos Estados Unidos - Foto: Arquivo Pessoal

Quase três meses após o estudante de robótica João Pedro Marchezani, de 23 anos, ser baleado na cabeça em Chicago, nos Estados Unidos, a polícia americana diz que não identificou os suspeitos, e a investigação está estagnada. Em e-mail enviado à família do brasileiro, ao qual o GLOBO teve, o detetive responsável pelo caso comunica que entrou de férias e retorna apenas no dia 15 de dezembro.

A família foi informada recentemente que os agentes já haviam identificado os suspeitos que apareciam em imagens de câmeras de segurança próximas ao local do crime, mas precisavam de alguém para confirmar As autoridades já teriam inclusive pistas sobre onde mora o criminoso que atirou oito vezes contra o carro em que estava o brasileiro. Em troca de e-mails, no entanto, o detetive do caso disse agora que a unidade que cuida de gangues da região não foi capaz de reconhecê-los.

"Enviei vídeo e fotos dos infratores para a unidade de gangue que atua na área do incidente. Até hoje, eles não foram capazes de identificá-los", diz o detetive Scanlan em e-mail enviado na última sexta-feira à família, que tinha uma conversa com as autoridades prevista para a semana passada. O contato foi apenas virtual.

"Ficamos um pouco frustrados com a polícia. O detetive disse que já encaminharam as fotos e filmagens para a unidade de gangue, mas não tiveram nemhum retorno. Minha nora queria tentar reconhecer, e o motorista do carro tinha olhado um dos motoqueiros nos olhos e talvez pudesse fazer um reconhecimento também, mas ele (detetive) disse que não teria niguém para apresentar - disse Mônica Marchezani, mãe de João Pedro.

O detetive avisou que está de férias até o próximo dia 15 de dezembro e informou que entrará em contato com os ocupantes do veículo alvejado pelos criminosos assim que retornar à delegacia. O oficial disse ainda que pretende conversar com João Pedro, "se ele se sentir confortável". O brasileiro está internado desde que foi baleado. Após ser submetido a cirurgias, o estudante faz fisioterapia e trabalhos para recobrar totalmente a fala e os movimentos. Ele pode ter alta do hospital na próxima sexta-feira.

"Entrarei em contato com as outras pessoas (que estavam) no veículo novamente quando voltar. Quanto a eles olharem fotos para identificar o motorista da segunda moto, não tenho fotos para mostrar. Não tenho um vídeo claro desse indivíduo. Os dois infratores na outra moto, ninguém no veículo os viu. Mas vou ligar para eles novamente para ver se têm mais informações", diz o detetive no e-mail.

Até o momento, os indícios apontam que os dois homens envolvidos no crime fariam parte de uma gangue latina local, conhecida como Cobras (YLOC), que há muitos anos se expande e disputa territórios com outras quadrilhas rivais de Chicago. Oficialmente, a polícia não confirma. Em contato com os Marchezani, o detetive responsável pelo caso revelou que trata-se da primeira vez que a delegacia recebe um caso no qual uma dessas gangues ataca dessa forma um civil. Casos semelhantes ocorrem geralmente entre integrantes das quadrilhas.

"Apesar de querer acreditar que a polícia esteja fazendo um bom trabalho, eu não vejo esse empenho. Eles têm a filmagem, sabem da onde saiu e onde entrou o bandido das imagens. É uma gangue conhecida dali, eles ficam naquela região. Não sei se por ser uma gangue talvez esteja correndo uma investigação em paralelo e por enquanto eles não querem atrapalhar. Estou tentadno acreditar que a políca está fazendo alguma coisa" disse Mônica.

A reportagem enviou e-mail para a Polícia de Chicago, mas não obteve retorno até esta publicação.

O crime aconteceu há pouco mais de dois meses, no dia 4 de setembro, quando o estudante e a namorada foram às compras para o apartamento que tinham acabado de alugar em Chicago. Um casal de amigos, que tinha se mudado recentemente para a cidade, os acompanhou. Após passarem a tarde juntos, resolveram sair à noite para celebrar. Primeiro, se reuniram na casa do casal e de lá partiram no mesmo carro, em um grupo de cinco pessoas.

A caminho de um bar, o rapaz que dirigia percebeu que uma moto os seguia. Viu também que o condutor estava armado. A reação foi desviar para despistá-lo. Ali começava uma fuga pelo bairro, até que se depararam com uma dupla em outra moto. Durante a perseguição, o carona disparou oito vezes contra o veículo. Um dos tiros atingiu João Pedro, que imediatamente caiu no colo de sua namorada.

Vídeos de câmeras de segurança divulgados pela polícia norte-americana mostraramm o momento em que um homem atira contra o carro. As imagens capturaram o instante em que um dos suspeitos desce da garupa de uma moto e efetua oito disparos. A ação durou menos de 10 segundos. A dupla fugiu na sequência.

Nas gravações, é possível ver que, às 23h54 do dia 4 de setembro, dois homens em uma moto saem de um beco em Chicago. O carona então desce na Avenida North Lawndale, anda uns metros e dispara contra um veículo, onde João Pedro estava com a namorada e mais três amigo

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