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Oceano

Com o ar se esgotando, busca por submarino desaparecido é uma feroz corrida contra o tempo

Submersível está desaparecido perto do Titanic

Submarino TitanSubmarino Titan - Foto: Ocean Gate/divulgação

Equipes de resgate buscavam freneticamente nesta quarta-feira (21) pelo submersível desaparecido no domingo com cinco pessoas a bordo perto dos destroços do Titanic, na região onde, nas últimas horas, foram detectados ruídos de origem indeterminada. É uma corrida contra o tempo, já que o oxigênio da embarcação está se esgotando.

A comunicação com o pequeno submersível Titan, com capacidade para cinco pessoas e oxigênio de emergência para 96 horas, foi perdida no domingo, quase duas horas depois de o equipamento iniciar a descida em direção ao que restou do famoso transatlântico, a quase 4.000 metros de profundidade e a cerca de 600 quilômetros de Terra Nova, no Atlântico Norte.

Viajam no submersível o bilionário e aviador britânico Hamish Harding, presidente da empresa de jatos particulares Action Aviation; o empresário paquistanês Shahzada Dawood, vice-presidente do conglomerado Engro, e seu filho Suleman; o mergulhador francês Paul-Henri Nargeolet, e Stockton Rush, CEO da OceanGate Expeditions, a companhia responsável pelo Titan, que cobra US$ 250.000 (aproximadamente R$ 1,2 milhão) por turista.

"Não sabemos o que são esses ruídos" ouvidos na noite de terça-feira e nesta quarta (21) pela manhã, disse em entrevista coletiva o porta-voz da Guarda-costeira dos Estados Unidos, capitão Jamie Frederick. Ele pediu que as pessoas se mantenham "otimistas e esperançosas" de encontrar os tripulantes com vida.

A área onde estão os destroços do navio é repleta de metais e outros objetos, lembrou, por sua vez, o almirante americano John Mauger à rede CBS.

"Por isso é tão importante termos especialistas da Marinha que entendam a ciência por trás dos ruídos e possam classificá-los e nos dar informações sobre suas origens", explicou.

Por mar e ar
Cinco barcos, aos quais se somarão outros cinco nas próximas horas, equipados com sonares e tecnologia de ponta, estão varrendo uma área de 20.000 km², aproximadamente o tamanho do estado de Sergipe, e a uma profundidade de quase quatro quilômetros, enquanto aviões sobrevoam o local em busca de qualquer sinal do submersível.

O Pentágono anunciou o envio de um terceiro avião C-130 e de outros três C-17, enquanto um robô submarino, enviado pelo Instituto Oceanográfico francês, seria incorporado às buscas nesta quarta.

A Marinha Real do Canadá enviou um navio com câmara hiperbárica a bordo e especialistas com assistência médica, que se une a outra embarcação de serviço da Guarda-costeira equipado com instrumentos de sonar avançados. Outros dois se dirigem até o local, segundo as autoridades do país.

A Horizon Maritime, empresa proprietária do Polar Prince, o barco que lançou o submersível, também está enviando outra embarcação com uma equipe de buscas em águas profundas.

Perigos da expedição
Até o momento, as operações de busca não tiveram nenhum resultado. Os socorristas estimam que o oxigênio de emergência se esgotará nas próximas horas.

Todos estavam cientes dos perigos de uma expedição como essa, afirmou à BBC Mike Reiss, roteirista de televisão americano que visitou os destroços do Titanic no mesmo submersível no ano passado.

"Você assina um documento antes de embarcar, e na primeira página a morte é mencionada três vezes", contou, ao lembrar que, durante a imersão em águas tão profundas, "a bússola parou de funcionar imediatamente e começou a girar", fazendo com que eles tivessem que se mover às cegas na escuridão do oceano para buscar o transatlântico, que afundou em 2012, em sua viagem inaugural entre a cidade inglesa de Southampton e Nova York.

Das 2.224 pessoas a bordo do Titanic, cerca de 1.500 morreram em um dos naufrágios mais famosos da história.

Desde que os destroços foram descobertos em 1985, a área tem sido visitada por caçadores de tesouros e turistas ávidos por fortes emoções.

Alistair Greig, professor de engenharia marítima no University College London, sugeriu duas hipóteses sobre o que poderia ter acontecido com o Titan.

A primeira estaria relacionada a um problema elétrico ou de comunicação, o que não impediria o submersível de voltar à superfície.

Outro cenário seriam danos ao casco de pressão, o que dissiparia as esperanças de encotrar os passageiros com vida. "Nesse caso, o prognóstico não é bom", apontou o especialista em um comunicado.

Nos últimos dias, veio à tona um relatório sobre problemas de segurança da embarcação. O ex-diretor de operações marítimas da OceanGate Expeditions, David Lochridge, demitido por questionar a segurança do Titan, mencionou em uma ação judicial que o submersível é resultado de um "projeto experimental e não testado".

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