Com três novos mísseis, Coreia do Norte encerra ano recorde em disparos
Os disparos foram executados da zona do condado de Chunghwa, perto da capital Pyongyang
A Coreia do Norte disparou pelo menos um "míssil balístico de tipo não identificado" na manhã deste sábado (31, noite de sexta-feira em Brasília) — disseram comandantes militares sul-coreanos.
O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul disse ter detectado "três mísseis de curto alcance lançados pela Coreia do Norte no Mar do Leste", ou Mar do Japão.
Os disparos aconteceram por volta das 8h locais (20h de sexta-feira em Brasília) e foram executados da zona do condado de Chunghwa, na província de Hwanghae do Norte, perto da capital Pyongyang.
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Os projéteis voaram cerca de 350 quilômetros antes de cair no mar, acrescentou o comunicado.
A tensão militar na península coreana aumentou significativamente este ano, devido ao número recorde de testes de armas conduzidos por Pyongyang, incluindo o disparo do míssil balístico intercontinental mais avançado do país até hoje.
A Coreia do Sul respondeu a esses testes aumentando suas manobras militares conjuntas com os Estados Unidos, ou com outros testes de armamento, como o lançamento de um foguete espacial de combustível sólido no dia anterior.
"Nossas Forças Armadas permanecem em posição de prontidão máxima enquanto cooperam com os Estados Unidos e reforçam a vigilância", declarou o Estado-Maior Conjunto sul-coreano.
Na última segunda-feira (26), a intrusão de drones norte-coreanos, um dos quais chegou a voar perto de Seul, levou ao envio de caças e helicópteros de ataque sul-coreanos para a área.
Apesar de cinco horas de operação, a Força Aérea não conseguiu interceptar os drones norte-coreanos, gerando críticas generalizadas e um pedido de desculpas por parte do Ministério da Defesa.
O presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, chamou a incursão de "intolerável".
Na quinta-feira (29) , militares realizaram exercícios na quinta-feira para melhorar suas capacidades defensivas contra este tipo de ação do vizinho do norte.
Foi a primeira vez em cinco anos que drones norte-coreanos sobrevoaram o espaço aéreo sul-coreano.
Esses incidentes ocorrem à margem de uma grande reunião do partido único da Coreia do Norte, na qual o líder Kim Jong-un e outros funcionários de alto escalão estabelecem metas políticas para 2023 em áreas como diplomacia, segurança e economia.
'Presente' de fim de ano
"O objetivo do lançamento de mísseis da Coreia do Norte hoje é responder ao lançamento do foguete espacial de combustível sólido de Seul. Pyongyang parece entender isso como uma competição", disse à AFP Yang Moo-jin, professor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos, de Seul.
Sujeito desde 2006 a fortes sanções da ONU por seu programa nuclear e armamentístico, o isolado país comunista realiza, nestes dias, uma importante reunião do partido único no poder.
Nela, o líder Kim Jong-un e outros funcionários de alto escalão apresentam as metas políticos para 2023 em áreas como diplomacia, segurança e economia.
Na quarta-feira (28), Kim apresentou "novas metas-chave para fortalecer a capacidade defensiva autossuficiente em 2023", informou a imprensa estatal, sem detalhar essas metas.
O regime comunista costuma aproveitar essas reuniões de fim de ano para traçar as diretrizes da política para o ano seguinte. Espera-se que seu conteúdo seja revelado, assim que a reunião for concluída.
Em 2021, Kim se concentrou nas questões econômicas, mas os analistas preveem que, este ano, a estratégia será mais direcionada para a frente militar.
Os disparos de sábado podem ser vistos como "um presente de Kim Jong-un ao povo, marcando o final do ano com um lançamento recorde de mísseis", disse à AFP Ahn Chan-il, especialista em Coreia do Norte.
"Kim tenta enviar uma mensagem de que o povo deve se sentir seguro, dado que seu país é, claramente, uma potência militar, ainda que sofra economicamente", acrescentou.
Ante essa série inédita de lançamentos, Estados Unidos e Coreia do Sul advertem, há meses, que Pyongyang se prepara para realizar o sétimo teste nuclear de sua história.
Meses atrás, Kim anunciou que seu país queria se tornar a maior potência nuclear do mundo e declarou como "irreversível" seu arsenal atômico.