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Combates continuam no Sudão apesar de prorrogação do cessar-fogo

O conflito já deixou mais de 500 mortos em duas semanas

Os combates se intensificaram no Sudão, apesar das forças rivais concordarem em estender uma trégua destinada a conter quase duas semanas de guerra que matou centenas e causou destruição generalizadaOs combates se intensificaram no Sudão, apesar das forças rivais concordarem em estender uma trégua destinada a conter quase duas semanas de guerra que matou centenas e causou destruição generalizada - Foto: AFPTV / AFP

Os combates continuavam em Cartum e na região oeste de Darfur nesta sexta-feira (28), apesar de o Exército sudanês e os paramilitares prorrogarem um cessar-fogo que tenta encerrar um conflito que já deixou mais de 500 mortos em duas semanas.

Em Cartum, a capital, onde os países estrangeiros se apressaram para evacuar seus cidadãos, o Ministério da Defesa turco informou que um avião militar foi atacado.

Na região de Darfur, testemunhas relataram saques em massa, enquanto homens armados disparavam foguetes em violentos confrontos urbanos.

A violência no Sudão eclodiu em 15 de abril entre as tropas do general Abdel Fatah al Burhan, líder de fato do país desde o golpe de 2021, e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (FAR), comandadas pelo general Mohamed Hamdan Daglo.

Na quinta-feira, ambos os lados anunciaram a prorrogação da trégua por mais três dias. Desde o início do conflito, houve vários armistícios, mas todos fracassaram.

Em um comunicado conjunto, Estados Unidos, Arábia Saudita, União Africana, ONU e outros países aplaudiram a prorrogação e pediram "sua plena implementação" e "um acesso humanitário sem restrições".

"As violações do cessar-fogo não significam que seja um fracasso", defendeu nesta sexta-feira o porta-voz do Departamento de Estado americano, Vedant Patel.

Pelo menos 512 pessoas morreram e 4.193 ficaram feridas nos combates até agora, segundo dados do Ministério da Saúde do Sudão. O balanço real pode ser muito maior.

Em algumas partes de Cartum, de cinco milhões de habitantes, os combatentes construíram trincheiras.

"Guerra absurda"
Os combates se estenderam ao longo do território, especialmente em Darfur, onde as testemunhas relataram intensos confrontos. Em dois dias, essa onda de violência deixou mais de setenta mortos, afirmou um sindicato de médicos nesta sexta.

"Ao menos 74 pessoas morreram em 24 e 25 de abril em combates em El Geneina (Darfur) e ainda não é possível determinar um balanço para os dias 26 e 27 de abril, porque todos os hospitais da cidade estão fora de serviço", precisou.

Uma porta-voz do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU revisou os dados para cima e afirmou nesta sexta que em El Geneina, capital de Darfur do Oeste, "ao menos 96 pessoas morreram desde 24 de abril" em enfrentamentos étnicos.

Segundo a Ordem dos Advogados de Darfur, os combatentes lançaram foguetes contra as casas. Também houve disparos de "fuzis, metralhadoras e armas antiaéreas".

"Hospitais, edifícios públicos e centros de saúde têm sido gravemente danificados e há saques a cada esquina", disse um habitante à AFP. A zona já foi cenário de uma sangrenta guerra na década de 2000.

A Ordem dos Advogados apelou para que os dois lados "cessem imediatamente esta guerra absurda que está sendo travada às custas dos civis em todo o Sudão".

A ONU, que interrompeu suas atividades no país após a morte de cinco trabalhadores humanitários, advertiu que já não pode prestar ajuda nesta região onde "50 mil crianças sofrem de desnutrição grave". Também alertou para informações, segundo às quais, armas estariam sendo distribuídas entre as comunidades locais.

Êxodo em massa
Os combates provocaram uma fuga em massa e agravaram a crise em um país de 45 milhões de habitantes, uma das nações mais pobres do mundo.

Burhan anunciou nesta sexta que falou com os líderes do Chade, Etiópia, Sudão do Sul e autoridades da Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Daglo disse que falou com o primeiro-ministro etíope.

Em meio ao cenário de caos, centenas de detentos fugiram de três prisões, incluindo o presídio de segurança máxima de Kober, onde estavam presos ex-funcionários de alto escalão do regime deposto de Omar al Bashir.

O Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU expressou nesta sexta preocupação por estas fugas.

"Estamos muito preocupados com a perspectiva de novos atos de violência em um clima de impunidade generalizada", afirmou sua porta-voz, Ravina Shamdasani.

A disputa entre Abdel Fatah al Burhan e Mohamed Hamdan Daglo, que se aliaram em 2021 para tirar os civis do poder, surgiu a partir de planos para integrar as FAR ao Exército oficial.

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