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Guerra no Oriente Médio

Combustível entra em Gaza após dois dias sem ajuda humanitária

O gabinete de guerra israelense autorizou a entrada diária de dois caminhões com combustível "para atender o pedido dos Estados Unidos" e "para as necessidades da ONU"

Falta de combustível provocou a morte de 24 pacientes em dois dias no hospital Al ShifaFalta de combustível provocou a morte de 24 pacientes em dois dias no hospital Al Shifa - Foto: AFP

Um primeiro carregamento de combustível entrou nesta sexta-feira (17) na Faixa de Gaza, depois que Israel aceitou um pedido dos Estados Unidos para pôr fim ao apagão de telecomunicações provocado pela falta deste insumo, que afetou os geradores e interrompeu a entrada de ajuda humanitária no território.

Cerca de 17.000 litros de combustível entraram pela passagem de Rafah na Faixa de Gaza, que é governada pelo movimento islamista Hamas desde 2007, informou um funcionário deste posto fronteiriço com o Egito.

A autoridade palestina de telecomunicações havia anunciado na quinta-feira (16) a "suspensão de todos os seus serviços" em Gaza por falta de combustível.

O gabinete de guerra israelense autorizou a entrada diária de dois caminhões com combustível "para atender o pedido dos Estados Unidos" e "para as necessidades da ONU [...] com a condição de que não cheguem ao Hamas".

Cerca de 70.000 litros de combustível entrarão por dia em Gaza em virtude do acordo, garantiu um funcionário americano.

O responsável de assuntos humanitários das Nações Unidas, Martin Griffiths, insistiu, no entanto, que o pequeno território palestino necessita de 200.000 litros diários.

A ONU leva semanas pedindo a entrada de combustível na Faixa de Gaza, para garantir o bom funcionamento dos hospitais e a entrada de ajuda humanitária.

A falta de combustível provocou a morte de 24 pacientes em dois dias no hospital Al Shifa, o principal da Faixa, assinalou Hamas.

O Exército israelense afirmou à AFP que segue vasculhando, pelo terceiro dia consecutivo, o imenso complexo em busca de esconderijos dos combatentes do movimento islamista, que nega ter bases no hospital.

- 'Cessar-fogo' -
Griffiths exigiu nesta sexta-feira diante Nações Unidas um "cessar-fogo" em Gaza para poder ajudar a população.

Israel prometeu "aniquilar" o Hamas depois do ataque perpetrado por seus milicianos no sul de seu território em 7 de outubro. A incursão do grupo islamista, classificado como "organização terrorista" por Estados Unidos, União Europeia e Israel, deixou 1.200 mortos, a maioria civis, segundo as autoridades. Além disso, os combatentes capturaram cerca de 240 reféns.

Desde então, as tropas israelenses bombardeiam incessantemente o pequeno território palestino e em 27 de outubro iniciaram uma operação terrestre. Segundo o Hamas, 12.000 pessoas morreram nas ações israelenses desde o início da guerra, entre eles 5.000 crianças e 3.300 mulheres.

A comunidade internacional mostra uma crescente preocupação com os quase 2.300 civis que, segundo a ONU, estão no interior do hospital Al Shifa.

O diretor do centro hospitalar, Mohammed Abu Salmiya, denunciou uma situação "catastrófica" no complexo, onde não há "água nem comida".

Israel acusa o Hamas de utilizar os hospitais da Faixa como bases e de usar os pacientes como "escudos humanos".

O Exército assegurou ter encontrado material militar e a entrada de um túnel no hospital Al Shifa, além de "imagens relacionadas aos reféns" capturados pelo Hamas.

"Temos fortes indícios de que [os reféns] estavam detidos no hospital Al Shifa e esta é uma das razões pela qual entramos. Os reféns estavam lá, mas foram transferidos", disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ao canal americano CBS.

O Exército anunciou nesta sexta-feira que encontrou o corpo de Noa Marciano, uma militar de 19 anos sequestrada pelo Hamas, "em uma estrutura anexa" ao hospital Al Shifa.

Na quinta-feira, indicou que havia encontrado o corpo de Yehudit Weiss, uma refém de 65 anos "assassinada pelos terroristas da Faixa de Gaza".

- Libertar os reféns 'sem mais demora' -
O pequeno território está sob cerco total desde 9 de outubro, quando Israel cortou o abastecimento de água, energia elétrica, alimentos e remédios.

Pelo segundo dia consecutivo, a ajuda não pôde entrar em Gaza pela passagem de Rafah (sul, limítrofe com o Egito), já que os caminhões da UNRWA não tinham combustível, afirmou a ONU.

Israel se recusava até agora a permitir a entrada de combustível, alegando que o mesmo poderia ser aproveitado pelo Hamas.

"Não temos energia elétrica nem água potável ou comida [...] Milhares de mulheres, crianças, doentes e feridos estão em perigo", declarou à AFP o porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas, Ashraf al Qidreh.

A ONU calcula que o conflito provocou o deslocamento de 1,65 milhão dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza, que enfrentam, segundo o Programa Mundial de Alimentos (PMA), uma "possibilidade imediata de morrer de fome".

A ONU e vários líderes internacionais pedem um cessar-fogo por razões humanitárias, mas Netanyahu se nega a aceitar a medida e exige que os reféns sejam libertados antes.

O presidente americano Joe Biden insistiu nesta sexta na libertação imediata dos reféns, em conversas com o emir do Catar, que tem relações com o grupo islamista.

Biden "discutiu a necessidade urgente de que todos os reféns retidos pelo Hamas sejam libertados sem mais demora", diz um comunicado da Casa Branca.

A violência também aumentou na Cisjordânia ocupada, tanto com as agressões dos colonos contra os palestinos como com as crescentes incursões do Exército israelense.

As Forças Armadas israelenses anunciaram nesta sexta-feira que mataram "ao menos cinco terroristas" no acampamento de refugiados de Jenin.

Por sua vez, o Crescente Vermelho palestino anunciou hoje que cinco pessoas morreram e outras duas ficaram feridas em um ataque contra o campo de refugiados de Balata, perto de Nablus.

Segundo a administração do campo, o ataque aéreo atingiu um prédio que sedia o quartel-general do Fatah, a principal organização palestina.

Contatado pela AFP, o Exército israelense não confirmou a ação.

Já em Hebron, no sul da Cisjordânia, o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina informou que duas pessoas morreram "atingidas por tiros do Exército israelense", que confirmou esse balanço.

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