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EUA

Começa o julgamento de um dos 'Beatles' do Estado Islâmico nos EUA

Uma célula de sequestradores do EI foi apelidada de "Beatles", devido ao sotaque britânico dos executores que exibiam decapitações em vídeos

Estado Islâmico Estado Islâmico  - Foto: Wikipédia

O primeiro processo nos Estados Unidos de um integrante do Estado Islâmico (EI) começou formalmente nesta quarta-feira (30) perto de Washington, onde será julgado um jihadista de uma célula especializada em sequestro e na execução de reféns ocidentais. 

No dia seguinte à seleção dos 18 jurados, incluindo seis suplentes, os promotores e os advogados de El Shafee Elsheikh, de 33 anos, apresentarão seus argumentos, pela primeira vez, no tribunal federal de Alexandria, na Virgínia. 

O acusado chegou à Síria em 2012 e integrou uma célula de sequestradores do EI apelidada de "Beatles" por seus próprios prisioneiros devido ao sotaque britânico. O quarteto, ativo até 2015, ficou conhecido ao exibir as decapitações de reféns em seus vídeos de propaganda. 

Entre suas vítimas estavam quatro cidadãos americanos: os jornalistas James Foley e Steven Sotloff, assim como os trabalhadores humanitários Kayla Mueller e Peter Kessing, o que justifica a intervenção da justiça americana. 

Os "Beatles", porém, são acusados também pela detenção de, ao menos, 27 reféns procedentes de 15 países, incluindo Reino Unido, Espanha, Japão, França, Dinamarca, Nova Zelândia, Peru, entre outros. 

Alguns ex-reféns devem ser convocados pela promotoria para relatar os abusos sofridos durante os sequestros. 

Uma mulher yazidi que permaneceu detida por vários meses com Kayla Mueller pode ser relacionada entre as testemunhas durante as três ou quatro semanas de duração do processo.  

Ao contrário de seus compatriotas masculinos, que foram todos executados, a jovem americana teria sido entregue ao líder do EI, Abu Bakr al-Bagdadi, que a teria estuprado em várias ocasiões antes de assassiná-la em 2015. 

"O mais brutal"

Segundo a acusação, os "Beatles" torturavam os seus reféns, especialmente, com simulações de afogamento e de crucificação, assim como sessões de choques elétricos. 

De acordo com ex-sequestrados, El Shafee Elsheikh, apelidado de "George", era o mais brutal do grupo. 

Segundo o repórter espanhol Javier Espinosa, que passou seis meses nas mãos do EI, este homem era "o líder: ele que decidia quem deveria viver ou morrer". 

Mohamed Emwazi, conhecido como "Jihadi John", impressionou ainda mais ao aparecer armado com uma faca de açougueiro em vídeos mostrando execuções de reféns. Mas o carrasco, que morreu em um atentado nos EUA em 2015, “era apenas o músculo” do grupo, segundo o jornalista. 

El Shafee Elsheikh foi preso pelas forças curdas na Síria em 2018 com outro membro da célula, Alexanda Kotey, apelidado de "Ringo". 

Antes de ser transferido para os Estados Unidos, ele admitiu em entrevistas a vários meios de comunicação que havia "interagido" sem "compaixão" com os reféns. 

Mas ele procurou minimizar seu papel descrevendo-se principalmente como um intermediário encarregado de obter os endereços de e-mail de parentes de reféns para negociar recompensas.

Lugares reservados

Em setembro, Alexanda Kotey se declarou culpado "da tomada de reféns resultando em morte", esperando cumprir uma pequena parte de sua sentença, que será determinada no final de abril no Reino Unido. 

El Shafee Elsheikh, que teve sua nacionalidade britânica retirada, continua a se declarar "inocente". Ele enfrenta uma sentença de prisão perpétua nos Estados Unidos, país que prometeu não buscar a pena de morte para o acusado para obter cooperação judicial de Londres. 

Durante todo o processo, quatro fileiras de assentos serão reservadas para ex-reféns e seus familiares. John e Diane Foley já os ocupavam nesta quarta-feira, e Bethany Haines, filha de David Haines, disse que quer estar lá. 

O quarto integrante do grupo, Aine Davis, está preso na Turquia, condenado por terrorismo.

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