Comer um peixe de rio nos EUA equivale a beber água contaminada por um mês, diz estudo
Os PFAS são "provavelmente a maior ameaça química à espécie humana no século 21", afirma pesquisador
Comer um peixe de um rio ou lago nos Estados Unidos equivale a ingerir água contaminada com produtos químicos como o Teflon, conhecido por sua impermeabilidade, durante um mês, segundo estudo publicado nesta terça-feira (17).
Os produtos químicos perfluoroalquil e polifluoroalquil (PFAS) são uma grande família de produtos sintéticos, desenvolvidos na década de 1940 para resistir à umidade e ao calor. Eles são usados em revestimentos antiaderentes, têxteis ou embalagens de produtos alimentícios.
Os PFAS resistem à degradação e permanecem no ambiente por muito tempo. Ao nível da saúde têm impacto no fígado, no nível do colesterol. Alguns desses produtos aumentam o risco de câncer.
Os cientistas deste estudo analisaram 500 amostras de peixes de lagos e rios dos EUA entre 2013 e 2015.
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A taxa média de contaminação foi de 9,5 microgramas por quilo, de acordo com o estudo publicado na revista Environmental Research. Três quartos dessas amostras apresentaram contaminação baseada em PFOS, que é uma subcategoria de substâncias dentro dos PFAS.
Essa taxa de contaminação é equivalente a água potável contaminada com 48 partes por bilhão de PFOS por um mês.
De acordo com as normas vigentes nos Estados Unidos, uma água é considerada segura para consumo humano se contiver no máximo 0,2 partes de PFOS por bilhão.
A contaminação baseada em PFAS encontrada em peixes de água doce capturados na natureza é 278 vezes maior do que em peixes criados em fazendas.
Descobertas "particularmente preocupantes"
Essas descobertas são "particularmente preocupantes devido ao impacto em comunidades desfavorecidas que consomem peixe por proteína ou por razões socioculturais", disse à AFP David Andrews, do Grupo de Trabalho Ambiental, que liderou o estudo.
Os PFAS são "provavelmente a maior ameaça química à espécie humana no século 21", acrescentou Patrick Byrne, pesquisador de contaminação ambiental da Universidade John Moores, da Grã-Bretanha, em Liverpool.
— Este estudo é importante porque representa a primeira evidência de transmissão direta de PFAS de peixes para humanos — disse ele.
O estudo foi publicado por iniciativa da Dinamarca, Alemanha, Holanda, Noruega e Suécia, que apresentaram na última sexta-feira uma proposta de banimento do PFAS à Agência Europeia de Produtos Químicos.
Esta proposta reafirma a posição destes cinco países, segundo a qual o uso de substâncias PFAS não tem sido suficientemente controlado na Europa.