Comitê dos EUA recomenda priorizar vacinas de Pfizer e Moderna sobre a da J&J
Dados preliminares de testes de laboratório sugerem que a injeção oferece menos proteção contra a nova variante ômicron, ao menos contra a infecção
Um comitê de especialistas médicos dos Estados Unidos, que assessora o governo, votou nesta quinta-feira (16) a favor de recomendar as vacinas anticovid das farmacêuticas Pfizer e Moderna sobre a da Johnson & Johnson, devido à sua menor proteção e maiores riscos.
A votação foi unânime (15-0) em apoio à chamada "recomendação preferencial", que se aplica a todos os maiores de 18 anos.
Rochelle Walensky, diretora dos Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC), aprovou a medida na noite desta quinta-feira, urgindo a população a se vacinar e receber uma dose de reforço da vacina contra a Covid-19.
"A recomendação atualizada de hoje enfatiza o compromisso do CDC de fornecer informação científica em tempo real ao público americano", destacou Walensky em um comunicado.
Oficialmente, a recomendação desvia a população americana da vacina da Johnson & Johnson, elogiada a princípio porque podia ser armazenada a temperaturas de um refrigerador e oferecia boa eficácia contra as primeiras cepas do coronavírus com apenas uma dose.
Mas depois surgiram evidências relacionando o imunizante com uma forma rara de coágulos, especialmente em mulheres em idade reprodutiva, levando as autoridades a suspenderem seu uso para voltar a retomá-lo em abril. Desde então, ficou como uma distante terceira opção de vacinação para os americanos.
Além disso, dados preliminares de testes de laboratório sugerem que a injeção oferece muito pouca proteção contra a nova variante ômicron, ao menos contra a infecção.
Leia também
• Saiba as recomendações da Anvisa para uso de vacina da Pfizer em crianças
• Anvisa autoriza vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos; Pernambuco diz aguardar orientação do MS
• Anvisa avalia novo pedido de uso da vacina CoronaVac em crianças
"Eu não recomendaria uma vacina Janssen aos membros da minha família", disse sobre seu voto Beth Bell, professora na Universidade de Washington, referindo-se à vacina da Johnson & Johnson.
"Por outro lado, penso que temos, sim, que reconhecer que diferentes pessoas tomam decisões diferentes e que se estão devidamente informadas, não acho que se deva eliminar esta opção", completou.
Nove Mortos
Os Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) convocaram a votação depois que surgiram casos mais sérios de coagulação.
Ao menos nove pessoas morreram devido a coágulos com baixas plaquetas ou trombose com síndrome de trombocitopenia (TTS) até 9 de dezembro após a aplicação de cerca de 16 milhões de doses, segundo números divulgados pelo CDC.
Até 31 de agosto foram registrados 54 casos e 36 precisaram de terapia intensiva. Alguns dos que não faleceram tiveram efeitos de longo prazo, como paralisia.
O maior risco foi detectado em mulheres entre os 30 e os 49 anos, grupo no qual a taxa de TTS situou-se perto de um por 100 mil.
Mas o risco não se limita a este grupo demográfico, pois duas em cada nove mortes ocorrem entre homens. O CDC informou que o número de óbitos pode estar subestimado. Em geral, aproximadamente um em cada sete casos de TTS foi fatal.
Sara Oliver, cientista do CDC, disse a um comitê de especialistas independentes que há várias opções disponíveis para eles, inclusive votar para recomendar contra o uso da vacina completamente.
Mas o comitê de especialistas acordou que a vacina da Johnson & Johnson deve permanecer disponível para as pessoas que por qualquer motivo se recusem a se imunizar com as vacinas de mRNA da Pfizer e da Moderna, apesar de sua maior eficácia e riscos menores.
Além disso, também consideram que fazer uma recomendação contra a vacina da Johnson & Johnson por completo enviaria um sinal negativo a outras partes do mundo, onde pode ser a única opção disponível.
"A vacina contra a Covid-19 da Johnson & Johnson é uma ferramenta que salva vidas de pessoas em populações de alto risco", argumentou Penny Heaton, chefe de imunizantes da J&J da área de terapêutica global.