Como é a recuperação de cirurgias como a de Lula? Médico explica
O presidente foi submetido a uma trepanação para tratar uma hemorragia intracraniana; repouso relativo é o principal cuidado após esse tipo de procedimento
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi submetido a uma trepanação na terça-feira para tratar uma hemorragia (sangramento) intracraniana. A cirurgia foi realizada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e, de acordo com a equipe médica, o mandatário deve permanecer três dias na UTI e cerca de uma semana internado.
A pedido do Globo, o cirurgião de cabeça e pescoço Erivelto Volpi, doutor em cirurgia pela Universidade de São Paulo (USP), e que não esteve envolvido na cirurgia de Lula, explica como é a recuperação do procedimento realizado no presidente. De acordo com o médico, a trepanação é um um procedimento muito seguro e eficaz que quando realizado precocemente, normalmente não deixa sequela.
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— A recuperação normalmente é muito rápida — afirma Volpi, que trabalhou durante 30 anos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
De acordo com o médico, normalmente, o paciente vai para casa em cerca de cinco dias após o procedimento. E o principal cuidado, em especial nos primeiros dez dias após a cirurgia, é fazer repouso relativo para evitar um novo sangramento.
— Não precisa ficar deitado. Mas não é recomendado fazer esforço. É preciso evitar viagens e grandes caminhadas e estresse — explica o cirurgião. — Em até 10 dias, normalmente o paciente já retoma 80% de suas atividades do dia-a-dia. A retomada de atividade física demora um pouco mais — completa.
Outros cuidados normalmente envolvem a administração de medicamentos como antibiótico e anti-inflamatório e após cerca de 15 dias é realizado o controle com um novo exame de imagem.
Quadro comum em idosos
Segundo Volpi, sangramentos que ocorrem semanas após uma queda acontecem com muita frequência em idosos devido a consequências do envelhecimento, como maior dificuldade de coagulação e atrofia cerebral. Por isso, é preciso estar atento a qualquer sinal de alerta em idosos que passaram por uma queda, mesmo que isso já tenha ocorrido há algum tempo.
— Os sintomas variam de acordo com a região do cérebro que o sangramento acomete. Dor de cabeça é o sintoma mais comum, mas também pode haver tontura, vômito, problemas na fala, entre outros.