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Como serão os testes que podem entregar vacina chinesa contra Covid-19 em 2021

Os profissionais de saúde participantes receberão material para acompanhamento de possíveis sintomas e passo a passo diário dos procedimentos

Produção de vacina contra a Covid-19Produção de vacina contra a Covid-19 - Foto: Douglas Magno/AFP

O governador João Doria (PSDB) anunciou nesta segunda-feira (20) a chegada de 20 mil doses da vacina contra o coronavírus que serão usadas no estudo experimental, comandado no Brasil pelo Instituto Butantan, para testar sua eficácia.

Segundo o ele, os testes começarão já nesta terça-feira (21), no Hospital das Clínicas. Participarão 890 voluntários, todos profissionais da saúde. "Os pesquisadores do Hospital das Clínicas vão analisar os voluntários em consultas agendadas a cada duas semanas. A estimativa é de concluir todo o estudo da fase três de testes em até 90 dias", afirmou Doria.

O hospital será um dos 12 centros, espalhados nos estados São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e em Brasília, usados pelo Instituto Butantan para o estudo da eficácia da vacina criada pela farmacêutica privada chinesa, a Sinovac.


Os profissionais de saúde participantes receberão material para acompanhamento de possíveis sintomas, com explicações sobre o estudo do qual participam e passo a passo diário dos procedimentos. Dos 9 mil voluntários selecionados para o programa de testes, metade receberá a vacina e a outra, placebo, explicou Esper Kallas, infectologista do Hospital das Clínicas.

"Nossa ideia é capturar qualquer pessoa que por ventura entre em contato com o vírus e desenvolva sintomas da Covid-19. As pessoas, portanto, para participar, deveriam ser aquelas que estão sob risco de contrair a Covid-19", afirmou ele, sobre a escolha de selecionar apenas médicos da linha de frente do combate à pandemia.

Kallas explicou ainda que todos os voluntários serão acompanhados por uma equipe de profissionais, em um período de um ano, segundo o plano atual. Presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que está com alta expectativa para a eficácia da vacina.

"[Se ela funcionar], poderemos ter essa vacina disponível para a população já no início do próximo ano. E quando falo disponível, isso quer dizer que no nosso acordo com a Sinovac, nós temos acesso a 120 milhões de doses vacinais, que seria suficiente para vacinarmos 60 milhões de brasileiros", afirmou.

Kallas disse que, caso outras vacinas venham a ser aprovadas, antes ou depois da Sinovac, elas também poderão ser usadas para o combate à pandemia.

Disse também que ainda não há previsão para a aplicação das doses na população, uma vez que a eficácia do composto ainda precisa ser comprovada. Só então será definido um plano de ação para a vacinação em massa da população, não só do estado, mas de todo o país.

"É natural a gente imaginar que tenhamos dois grupos principais, aqueles que estão sob risco de desenvolvimento de doença mais grave, e o segundo, aquele núcleo de pessoas que é mais responsável pela manutenção da transmissão do vírus na comunidade."

De acordo com o infectologista, ainda faltam mais estudos que digam, com precisão, quem compõe este grupo vetor do vírus e por que. "O andamento da epidemia tem conseguido destrinchar quais são as pessoas mais responsáveis pela transmissibilidade do vírus, mas essa informação a gente não domina completamente", ponderou.

A vacina da Sinovac, empresa com a qual o governo de São Paulo tem parceria, é apenas uma das muitas em desenvolvimento no mundo. Um estudo publicado na revista científica Lancet nesta segunda deu indícios de que o composto, criado pela Universidade de Oxford em parceria com o laboratório AstraZenac, pode ser eficiente e seguro no combate ao coronavírus.

Segundo o artigo, a vacina não causou efeitos adversos graves e provocou respostas imunes de anticorpos e das células T, outras células de defesa do corpo humano. Michael Ryan, diretor-executivo da OMS (Organização Mundial da Saúde), afirmou que é uma boa notícia ver publicados dados de estudos sobre as vacinas. Para ele, o trabalho de Oxford é bem-vindo.

"É um bom resultado, mas ainda se refere a adultos saudáveis, em condições controladas. Temos que passar a uma escala maior, para dar novos passos no processo de obter uma vacina."

Essa vacina é uma das mais avançadas entre as candidatas na corrida pela imunização contra o coronavírus Sars-CoV-2. Ela já está em fase 3 de testes, a última etapa antes da comercialização.

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