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DESPEDIDA

Comoção, dor e saudade marcam enterro do MC Elloco, no Recife

Cantor de brega-funk morreu após quadro de edema agudo pulmonar; esposa desmente que ele passou mal na academia

Enterro aconteceu no Cemitério de Santo Amaro, centro do RecifeEnterro aconteceu no Cemitério de Santo Amaro, centro do Recife - Foto: Paulo André Pedrosa/Folha de Pernambuco

Fãs, amigos e familiares deram o último adeus a Cleiton José da Silva, de 34 anos, popularmente conhecido como MC Elloco, na manhã desta sexta-feira (22), no Cemitério de Santo Amaro, centro do Recife. O cantor de brega-funk, que fez dupla com o MC Shevchenko, morreu na última quinta (21), após passar mal, no apartamento em que morava, nos Aflitos, Zona Norte do Recife. Ele deixa a esposa, Ytala Ayres, de 28 anos, e o filho, Pietro Ayres, de 8.

O corpo chegou ao cemitério em um carro funerário, por volta das 11h30, em um cortejo, que saiu da sede do projeto Tropa Solidária, no Arruda, onde o corpo foi velado desde o início da manhã. O caixão estava coberto com uma bandeira do Santa Cruz, clube para o qual ele torcia, e camisas da dupla com Shevchenko, que estava junto ao corpo do amigo.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Emocionados, os fãs se juntaram e cantaram as músicas do ídolo, que, há mais de dez anos, levantou a bandeira do ritmo para todo o País. Esdras Carneiro, de 28 anos, divulgador, foi a diversos shows de Elloco. Ele conversou com a reportagem da Folha de Pernambuco e contou um pouco de como era o cantor nas apresentações.

Milhares de pessoas foram ao enterroMilhares de pessoas foram ao enterro | Foto: Paulo André Pedrosa/Folha de Pernambuco

"Ao receber a notícia, eu fiquei em estado de choque, sem saber se era verdade ou mentira. Não acreditava.  Eu fui a um show dele, uma vez, na Mustardinha [Zona Oeste do Recife]. Ele era muito animado durante as músicas. Nós, fãs, viemos aqui para prestar uma última homenagem ao nosso cantor", comentou.

"É uma tristeza para nós, porque ele era uma pessoa humilde. Eu o acompanhei em programas de televisão. Ele sempre levava alegria para a plateia. É uma pessoa prestativa que, com certeza, deixará muita saudade. Que Deus o coloque em bom lugar, porque nunca mais ele voltará, se foi para sempre", disse Antônio Carlos, outro fã do MC.

"Ele vivia para a música", diz tia
Os familiares de Elloco compareceram ao cemitério. A mãe, avó e esposa, inconsoláveis, lamentaram a perda precoce. Representando a família, a tia do artista, Nilza Mendes, de 51 anos, disse que ele era muito querido pelos parentes e que, nos últimos dias de vida, a luta dele era para emagrecer. Cuidar do coração era a prioridade do sobrinho.

"Está sendo muito difícil, porque ninguém esperava que fosse acontecer isso com ele novo. Desde pequeno, trouxe alegria e foi animado. Ele foi criado no catolicismo, junto aos pais, sempre transbordando gentileza para todo mundo. Ele vivia para a música e para a família. Um maravilhoso filho, pai e sobrinho. Só Deus para dar o conforto a gente. Essa próxima semana, ele ia fazer 35 anos, mas Deus não permitiu", pontuou ela.

"Se eu o visse pela última vez, ia dizer para que ele se cuidasse. Ele era gordinho e, agora, estava querendo emagrecer, porque estava afetando o coração dele. Mas não houve tempo para isso. Acredito que ele se esforçou tanto que o coração não aguentou. O coração é traiçoeiro", complementou ela.

Amigos de palco
Artistas também estiveram presente no enterro do cantor. O MC Metal relembrou as vezes em que encontrou com Elloco e agradeceu por ele ter levado o movimento brega-funk a lugares antes inacessíveis, deixando um legado de persistência pelos objetivos.

"Era um menino bom. Vai deixar muitas saudades. Ele levou o nosso brega-funk para o Brasil e conseguiu quebrar todas as barreiras. Hoje, estamos muito tristes, de verdade", declarou.

"Ele era extrovertido, animado e criativo. Levantou o bragafunk, o passinho e todo o movimento. Elloco é um cara que nunca será esquecido. Tanto ele como MC Biel Xcamoso e Boco, que se foram e sempre estarão na história do nosso ritmo", relembrou o MC Leozinho.

Artista enterrado próximo de amigo
O corpo do MC Elloco foi enterrado na gaveta 18 do módulo 67A do cemitério. O local escolhido fica há menos de 30 metros de onde está enterrado o corpo do MC Biel Xcamoso, que morreu em um acidente de carro, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, em abril de 2023.

Esposa nega que cantor tenha ido à academia
Em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco, Ytala Ayres, de 28 anos, que foi esposa de Elloco por 12 anos, desmentiu a versão de que ele passava mal enquanto malhava.

"Na verdade, ele foi pra academia às 6h. Quando chegou em casa, estava tudo bem. Tomou café da manhã comigo e foi buscar o meu filho na escola. Quando foi por volta de 11h, ele começou a passar mal. Ligou para um telefone, estava com dificuldade respiratória, sem conseguir falar direito, pedindo pra chamar o Samu, já cambaleando. O zelador do prédio tinha acionado o Samu, mas, pela demora, conseguiu uma carona pra levar ele até à policlínica. Ele ainda entrou lá falando. Mas depois, foi entubado e aconteceu isso. Ainda tentaram reanimar ele por 40 minutos", explicou ela.

O artista chegou a ser levado para a Policlínica Amaury Coutinho, na Campina do Barreto, Zona Norte da cidade. Ele chegou lá por volta do meio-dia. Por meio de nota, a unidade de saúde afirma que ele "teve um quadro de edema agudo pulmonar, provavelmente causado por um infarto".

"De imediato, ele foi assistido pela equipe médica de plantão, que realizou os procedimentos de reanimação, mas sem sucesso, dada a gravidade do paciente. O corpo foi encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO) para investigação da causa da morte", continua o comunicado. 

Carreira
Por mais de 10 anos, os MCs Elloco e Shevchenko encantaram o público com melodias de brega-funk. Eles deram evidência ao movimento que caiu na tendência no público jovem pernambucano e brasileiro. As vozes gravaram hits como ChapuleteiEu tô só caladoOlha o carro do ovo Ninguém fica parado.

Movimento social
Em retribuição a tudo que conquistaram na carreira, Elloco e Shevchenko mantinham o projeto Tropa Solidária, no bairro do Arruda. Eles realizavam ações sociais, mensalmente, onde distribuíam, junto a parceiros, roupas e alimentos a pessoas carentes. O local também conta com cerca de 100 alunos de escolinhas de futebol e instrumentos.

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